SNS: PRESSA, QUAL É A PRESSA? (4)

Está feito, mais uma reunião entre Manuel Pizarro e os médicos para a história do actual desastre na saúde. A última terminou pela calada da noite, ontem, sem acordo, acrescentando mais um episódio aos 18 meses de simulacro de negociações. Há mais na sexta (3). Enquanto serviços e Urgências fecham, a ficção sobre o SNS, apresentada por António Costa, no Parlamento, não resiste à realidade, apenas confirma a indiferença por quem está doente. Pressa, qual é a pressa?

P. S. É o regresso ao tempo da governação de José Sócrates: a negação da evidência, a manipulação dos números e a insensibilidade em relação aos mais pobres.

MIGUEL REIS

No dia em que a Assembleia da República aprovou o orçamento para 2024 também fez uma homenagem póstuma a Miguel Reis, jornalista e advogado, cujas últimas palavras de homem livre é pertinente recordar: «Só a degradação do SNS justifica a dissolução do Parlamento. Sempre votei no PS e ver-me-ei forçado a não votar, se isso não acontecer». 

COSTA REPETE A RECEITA

Disfarçar o caos nos serviços públicos, com uma pesporrência política inaudita e uma insensibilidade incompreensível, só é possível com a direita dividida e a esquerda comprometida, como comprovou mais um debate quinzenal na Assembleia da República. António Costa repetiu a receita dos últimos oito anos: desfaçatez política, pergunta útil de Rui Tavares e uma novidade (sobre a violência doméstica).

P. S. Como André Ventura demonstrou, mais uma vez, só com recurso a expressões mais duras, vulgo à "canelada", é possível descontrolar o primeiro-ministro, desde logo desmontando a sua arrogância incomensurável.

UMA VEZ MAIS, O ROLO COMPRESSOR

«Ao chumbar estas propostas que reduziam o esforço fiscal dos jovens e facilitavam o seu acesso à habitação, o Partido Socialista adiou, mais uma vez, a possibilidade de finalmente começarmos a responder ao sonho de milhares de jovens portugueses: poder ficar no seu país».

GOVERNO A FUGIR DE BAIXAR IMPOSTOS

As propostas de alívio fiscal do PSD, do Chega, do Bloco de Esquerda e do PAN esbarraram na maioria absoluta do PS. A novidade é que nenhum membro do Governo marcou presença no Parlamento. É António Costa cada vez mais distante da realidade, com a habitual falta de respeito institucional pelo Parlamento e em estado de isolamento político.

HABITAÇÃO, ORDENS PROFISSIONAIS E TAP NO PARLAMENTO

A votação do relatório final da CPI da TAP é uma anedota politicamente grotesca da maioria absoluta. Não menos preocupante é o resultado das medidas avulsas para a Habitação (só o anúncio já deu cabo do sector) e a alteração dos estatutos das ordens profissionais (cresce a contestação).

REPÚBLICA EM ALVOROÇO

A acção fulminante da Justiça contra a fraude (PSD e Altice), a corrupção (Defesa) e a imigração ilegal (Martim Moniz) a pouco menos de 48 horas do debate do Estado da Nação e a 72 horas da reunião do Conselho de Estado só podem ser coincidência. Na quinta (20), na Assembleia da República, a partir das 15H00, e na sexta (21), no Palácio de Belém, a partir das 15H00, será possível tirar todas as dúvidas.

PEDRO NUNO NÃO QUER SER O GRILO FALANTE

«É importante não esquecer que o que deu origem a esta comissão [TAP] não foi o “deplorável” e mediático episódio do gabinete do ministro João Galamba (o seu sucessor nas Infraestruturas), mas a indemnização milionária a Alexandra Reis. Que, como agora todos sabemos, foi Pedro Nuno Santos a autorizar, e de forma displicente».

COSTA JÁ SE SENTE ACIMA DAS REGRAS PARLAMENTARES

O triste espectáculo do primeiro-ministro no Parlamento, ignorando todas as questões colocadas pelos deputados, a propósito da escala técnica (1), abraço a José Mourinho (2) e o convite da UEFA (3) para a passeata a Budapeste, confirma a soberba do "estadista" António Costa. E mais: revela uma retrógrada, saloia e perigosa concepção da democracia.

P. S. Os socialistas deviam despertar depois de assistir à comparação do seu líder com André Ventura, outro amigo de Viktor Orbán.

PSD À DERIVA

«Luís Montenegro retirou a confiança política a Pinto Moreira, deputado ex-autarca de Espinho. Mas, oito dias depois, o grupo parlamentar indicava o agora arguido para as comissões de Saúde e Defesa».

SECRETAS: INSINDICÁVEIS

Qualquer que seja a actuação das secretas, PS e PSD garantem o encobrimento e a total impunidade. Foi assim em 2006, é assim em 2013. Tal e qual como no tempo da PIDE. 

P. S. Luís Montenegro é mais do mesmo no PSD. Depois da voz grossa, as ameaças, de seguida as piruetas, e finalmente a marcha atrás. Propalar estar de acordo com as iniciativas do Chega e da Iniciativa Liberal, sabendo que a maioria absoluta compressora vai inviabilizar a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, faz lembrar as confrangedoras ameaças presidenciais de dissolução. A caminho da irrelevância do CDS/PP? Só falta mais uma sondagem dos 500 para a ratificação.

CADÁVER POLÍTICO, GA(LA)MBA E POLÍCIA SECRETA: CONFIRMADO!

Um dia triste para os anais da Assembleia da República: de manhã, Pedro Nuno Santos gabou-se e está orgulhoso do seu desempenho, qual cadáver político politicamente obrigado a demitir-se para não ser demitido; à tarde, as respostas de António Mendonça Mendes, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, confirmam que João Galamba mentiu à CPI da TAP e que em vez de um serviço de informações temos polícias secretas à solta. Cuidem-se!

COSTA E MARCELO AO TELEFONE

«António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa ao telefone não falam sobre secretas. Por isso, eventualmente, o concidadão Abramovich – o amigo do ex-espião que lançou uma guerra genocida contra a Ucrânia –, lá salvou centenas de milhões de euros».

A TÁCTICA, O ESTILO E O PADRÃO REPETIDOS

António Costa assume o papel do indignado, acusando os outros de desvalorizarem uma quebra de segurança grave, quando é no governo que lidera que essa ligeireza foi prática corrente. Esta factualidade, reforçada por um estilo arrogante, digno da melhor taberna, apesar de estarem em causa questões de Estado, revela um padrão de governação rasca que mina a confiança nas instituições. Da última vez, por se considerar que não era possível descer mais baixo, por nada ter sido feito, acabámos a chamar a Troika.

.P. S. A cautela e a tentativa de demarcação do primeiro-ministro em admitir que «não é normal» um quadro de um gabinete ministerial guardar um documento confidencial no seu computador pessoal, atribuído pelo Estado para o exercício de funções, deveria merecer atenção redobrada dos deputados, jornalistas e investigadores criminais.

COSTA NÃO ESTÁ ACIMA DAS AUTORIDADES DE INVESTIGAÇÃO

A fulminante rapidez das respostas de António Costa às 15 perguntinhas do PSD, ainda que não conhecidas publicamente na íntegra, não pode desviar as atenções das versões, estranhamente multiplicadas, que não batem certo. Aliás, ainda falta o inquérito do Ministério Público, que também não pode prescindir das comunicações e mensagens entre os protagonistas, na noite em que um dos serviços de informações se transformou objectiva e impunemente em polícia secreta ao serviço do governo.

P. S. Luís Montenegro não pode fugir às responsabilidades de líder do maior partido da oposição, muito menos minar o princípio do escrutínio da governação e da actuação do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), como tem acontecido noutros países europeus.

PSD TAMBÉM RECEBEU TELEFONEMAS DO SIS PELA CALADA DA NOITE?

Joaquim Miranda Sarmento, na Assembleia da República, deu o dito pelo não dito sobre o voto dos social democratas em relação às propostas do Chega e da Iniciativa Liberal para a constituição da CPI das secretas. Nada que surpreenda depois das declarações de Luís Montenegro. Certo é que as 15 perguntinhas para António Costa já seguiram, com resposta em 30 dias ou depois logo se vê. E das duas uma: ou o PSD recebeu telefonemas nocturnos do SIS, à última da hora, ou então, afinal, continua a fazer parte do Bloco Central do regabofe, com mais ou menos acção digna de polícia secreta, que tem liquidado o Estado de Direito.

P. S. Marcelo Rebelo de Sousa já nem disfarça que está completamente out. 

ESPIÕES, VOLTE-FACE E MISTÉRIO

Luís Montenegro mudou repentinamente de opinião, passando a considerar indesejável a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao SIRP. Como já vai longe (foi há 11 dias), a declaração do líder do maior partido da oposição parlamentar a pedir a demissão de Graça Mira Gomes, a embaixadora que lidera os espiões portugueses. Tendo em conta o expressamente anunciado pelo PSD, de claro apoio à constituição da CPI ao SIRP, no passado dia 22 de Maio (foi há 8 dias), o que terá provocado um tal volte-face?

P. S. Se já é de espantar não ter havido a devida clarificação na última entrevista na RTP – em boa verdade, não foi perguntado –, o mistério ainda é maior após a súbita falta de curiosidade geral na tentativa de obter uma explicação para a monumental cambalhota.

PS EM PÂNICO E MP ACANTONADO

É o pânico instalado entre os governantes. Só assim se justifica que o PS tenha chumbado várias iniciativas da oposição parlamentar, tais como os pedidos dos telefonemas e comunicações entre António Costa, Mendonça Mendes e João Galamba, de audições de diversos governantes e responsáveis dos serviços de informações, bem como de outra diversa documentação, designadamente as notas de Frederico Pinheiro relativas da reunião entre o (ainda) ministro das Infraestruturas e Christine Ourmières-Widener, a 16 de Janeiro de 2023. 

P. S.  O silêncio de Lucília Gago, PGR, contribui para o acantonamento do Ministério Público, que surge aos olhos dos portugueses como o titular da acção penal que cumpre a sua missão tarde e a más horas, através de fugas de informação. A quem serve esta "Justiça" sem meios, sem auto-estima, capacidade de comunicação e transparência, cada vez mais arrastada para o pântano da descredibilização das instituições? 

CPI SECRETAS: UMA QUESTÃO DE DIGNIDADE DEMOCRÁTICA

A recusa sistemática e ostensiva de António Costa em responder às dúvidas dos deputados, apesar de nos termos da Lei «controlar, tutelar e orientar a ação dos Serviços de Informações», exige uma Comissão Parlamentar de Inquérito, tanto mais que o primeiro-ministro recomendou publicamente a repetição da mesma grosseira ilegalidade num futuro caso semelhante ao do ocorrido com o ex-Adjunto do (ainda) ministro João Galamba.

P. S.  Não obstante a tentativa de ocultação pela sacralização dos serviços de informações: mesmo que tivesse estado em causa a segurança interna, a prevenção de sabotagem, um acto de terrorismo, espionagem e até o iminente risco de destruição do Estado de Direito, os serviços de informações não podem substituir as autoridades policiais, têm a obrigação de comunicar qualquer risco às autoridades policiais. É isso que distinguia, até 26 de Abril passado, os serviços de informações em Democracia da PIDE do fascismo.

PSD DÁ LUZ VERDE A CPI SECRETAS

Joaquim Sarmento, líder parlamentar do PSD, anunciou que o PSD «votará a favor dos requerimentos já apresentados por Chega e IL para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito à atuação das ‘Secretas’ e pondera iniciativa própria».