MAIS ACTUAL BLOG
Quando Bate Mais Forte... É Irresistível!
O silêncio de Rita Júdice sobre a espionagem de jornalistas através do sistema PARAGON não é de espantar, certamente por ainda estar a estudar o assunto velho de anos e anos a fio que voltou à superfície. O que surpreende é a completa ausência de qualquer declaração do primeiro-ministro, pois de Marcelo Rebelo de Sousa pouco ou nada é de esperar, a não ser mais um veto surpresa para fazer prova de vida.
P. S. O mutismo dos jornalistas portugueses é algo extraordinário. Venham mais 55 milhões.
P. S. A bandalheira continua, mesmo à nossa frente, sem a mínima preocupação e exigível respeito pelos cidadãos.
Depois do regozijo da ministra da Justiça, a propósito da captura dos fugitivos da cadeia de Vale de Judeus, ainda mais gratificante seria uma declaração a propósito da notícia que está a correr Mundo sobre o sistema israelita PARAGON, designadamente a espionagem ilegal de civis em 14 países, incluindo Portugal, como noticiam Haaretz e RAI News.
Luís Montenegro e Rita Júdice, indiferentes aos atrasos no sistema judicial, continuam em silêncio depois de mais uma greve dos oficiais de justiça, com uma adesão de cerca de 85%. Quase não dá para acreditar.
P. S. Igualmente surpreendente é a indiferença da generalidade dos partidos com assento parlamentar. Afinal, mais ano menos ano para fazer justiça pouco ou nada importa a quem se senta na Assembleia da República.
Obviamente, a ministra Rita Júdice mantém-se em funções depois da fuga de cinco prisioneiros de Vale de Judeus, tal e qual como aconteceu noutros casos no anterior governo. Três dias depois de um caso gravíssimo, de acordo com a ministra da Justiça, uma conferência de imprensa, com perguntas limitadas, para anunciar a demissão de um director-geral e de um subdirector e a promoção do outro subdirector.
Para já, é só em São Tomé e Príncipe, depois de outra fuga de reclusos perigosos. Por cá continua o silêncio governamental, depois de uma das mais desastrosas conferências de imprensa da história do regime democrático.
É a resposta cristalina de Lucília Gago: há uma campanha orquestrada contra o MP. E mais: prosseguem as investigações no âmbito da Operação Influencer, que envolve António Costa e outros. Mais importante ainda: Lucília Gago afasta a possibilidade de erro grosseiro do Ministério Público, deixando dúvidas sobre a especialização da magistratura judicial.
P. S. A tirada de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o alegado maquiavelismo do MP, por causa da data da abertura do inquérito criminal no caso Santa Maria, foi recebida com desagrado. E nem Rita Júdice escapou.
A entrevista da ministra da justiça é a melhor prova que Lucília Gago está no bom caminho, ainda que longe da firmeza que se espera de uma procuradora-geral da República, como comprovou o caso do Santa Maria, e a extraordinária protecção a Marcelo Rebelo de Sousa que é suspeito aos olhos de portugueses por causa dos seus actos pouco neutros.
P. S. Quanto maior é a pressão sobre a Justiça, vinda de quase todos os lados, mais certo é que algo pode ou está para acontecer.
Aparentemente, as prioridades são a regulamentação do lobbying, o enriquecimento ilícito e até, pasme-se, o uso de inteligência artificial para apanhar os corruptos. Da autonomia financeira, que permitiria reforçar os meios, ainda nem uma única palavra.
