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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher
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segunda-feira, abril 07, 2014
domingo, abril 06, 2014
Presidenciais: o verniz começou a estalar
Sempre que se começam a preparar eleições, são muitas as opiniões que desta vez é que vai ser o grau zero da política. Verdade ou mentira, os putativos candidatos presidenciais já começaram a disparar por interposto órgão de comunicação social. E já nem disfarçam. Ao que me contaram, Marcelo Rebelo de Sousa até já sugere perguntas para Manuela Ferreira Leite.
José Rodrigues dos Santos: a notícia do dia
Confirmado! O jornalista da RTP não foi despedido nos últimos 15 dias! Quanto ao discurso de caserna, não vale um único comentário.
sexta-feira, abril 04, 2014
quinta-feira, abril 03, 2014
quarta-feira, abril 02, 2014
Vítor Constâncio: uma questão de vergonha e impunidade (2)
É extraordinário! Os últimos cinco ex-governadores do Banco de Portugal saíram em defesa de Vítor Constâncio no caso BPN, numa declaração conjunta que afunda a posição do ainda vice-presidente do Banco Central Europeu. Mas ainda bem que tomaram a palavra, pois fica mais claro como tem funcionado aquela instituição que, na óptica dos ex-governadores, não tem a indeclinável e estrita obrigação de cumprir o seu papel de regulador.
Ainda se lembram do Tratado de Lisboa?
São cada vez mais as vozes que criticam o funcionamento da União Europeia e a consolidação de um directório. Mas onde estavam estas vozes, em 2007, quando o Tratado de Lisboa foi aprovado?
terça-feira, abril 01, 2014
Vítor Constâncio: uma questão de vergonha e impunidade
A conferência de imprensa de Vítor Constâncio, em reacção às declarações de José Manuel Durão Barroso, é um momento que envergonha Portugal e traduz a impunidade do regime em que vivemos nas duas últimas décadas.
O regresso de Carlos Monjardino
O presidente da Fundação Oriente surge na cena mediática como um dos interlocutores da salvação do BANIF, depois da polémica instalada com a possível entrada de capitais da Guiné Equatorial no banco resgatado com dinheiro dos contribuintes portugueses. Quando todos pensavam nos velhos amigos de Luís "Ama(cia)do", eis que surge Carlos Monjardino a acenar com mais capitais chineses. De facto, pena de morte por pena de morte, ao menos não é verosímil que a China entre na CPLP. E, para dourar ainda mais o negócio, há sempre a salvação de mais e mais dinheiro angolano. Eis uma triste novela que até dava um livro...
segunda-feira, março 31, 2014
Controlinveste: mais despedimentos e mais silêncio?
Depois de formalizado o negócio que permitiu a reestruturação da Controlinveste, sem que se saiba exactamente quem é quem, e donde vem o dinheiro, é cada vez mais insistente o rumor de despedimentos de jornalistas em todo o grupo (Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo e a TSF). É caso para perguntar o que anda a fazer a ERC? E por que razão o PS meteu na gaveta a lei da transparência da propriedade dos meios de comunicação social, depois de a maioria ter desenvergonhadamente chumbado a iniciativa socialista em Dezembro de 2012. Será que já se esqueceram? Chegaram a consenso debaixo da mesa? Ou sobrou alguma coisinha?
sábado, março 29, 2014
Barroso: começou a grande marcha para as presidenciais de 2015
Há entrevistas que dizem tudo sobre quem as dá, quem as faz e quem na sombra ainda almeja influenciar os destinos do país. É um trabalho importante, mais pelo que não diz do que pelas estafadas afirmações e boas intenções. Ainda que nalguns casos amplamente justificado, os auto-elogios de José Manuel Durão Barroso pareceram exagerados, sobretudo para quem deixa nas entrelinhas que vai deixar a vida política activa para poder descansar e reflectir.
Os mesmos tiques do velho PS
António José Seguro escolheu António Vitorino para mandatário da candidatura dos socialistas às eleições europeias, cuja lista é liderada por Francisco Assis. Está tudo dito sobre a mudança no PS.
sexta-feira, março 28, 2014
A esquerda e os pobres
É hilariante assistir ao discurso de uma certa esquerda, agora com os pobres e os pensionistas na boca. Não obstante a imensa contradição, este discurso até pode dar um certo jeito em determinados momentos, um punhado de votos, mas será que julgam os portugueses parvos? Sem memória? Onde andava esta esquerda nos últimos anos, em que a corrupção ao mais alto nível afundava o país? A manter os ordenados, as mordomias, as negociatas e as comissões! Será que ainda não perceberam que já é tarde? Quanto maior for a radicalização, mais hipóteses tem Pedro Passos Coelho de ficar dois ou três mandatos na liderança do governo. Ups! Porventura, é a única hipótese de sobrevivência desta espécie de esquerda...
Alemanha e Anschluss
Há uma elite da treta que agita o fantasma do ódio em relação à Alemanha. E, agora, até já fala Anschluss, sem que seja perceptível qualquer semelhamnça com a actualidade. O direito à opinião, sempre, claro que sim! Mas é preciso dizer, sem medo, que os reaccionários nunca resistiram ao tempo. Graças a Deus!
quinta-feira, março 27, 2014
António Costa e o desespero de uma certa ala do PS
Os responsáveis pelo desastre de 2011, entre os quais António Costa, do alto de uma enorme arrogância política, não aguentam a melhoria da generalidade dos indicadores do país, entre os quais a previsão do Banco de Portugal que aponta para o aumento do crescimento do PIB. Desta vez, o desespero chegou ao ponto de o presidente da Câmara de Lisboa (ex-número dois de José Sócrates), entre o azedume e o ódio, atacar os jornalistas económicos, classificando-os como ignorantes. Quem se seguirá?
quarta-feira, março 26, 2014
Ex-primeiro-ministro perde novamente em Tribunal
O Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a absolvição do jornal Público no processo movido por José Sócrates, mantendo a decisão da primeira instância. Vale a pena sublinhar que o ex-primeiro-ministro volta a perder na Justiça, bem como referir o destaque dado pelo matutino a uma das passagens do acórdão: «Os três magistrados do Tribunal da Relação de Lisboa alertam para o facto de José Sócrates ter podido “corrigir as omissões ou inexactidões do artigo, em especial quanto à razão do preço praticado […], exercendo o seu direito de resposta e de rectificação” e que essa teria sido “uma forma de repor equilíbrio face ao que porventura estivesse em falta na notícia publicada”» (...).
P. S. A interrogação é incontornável: chegou a hora do ex-primeiro-ministro mudar de vida, de advogado ou de ambos?
terça-feira, março 25, 2014
Lista do PS às europeias: aparelho e desilusão
Quando um ensaísta, como Eduardo Lourenço, aparece numa lista do PS, com candidatos ao Parlamento Europeu, depois de Carlos Zorrinho, entre outras irrelevâncias, então é caso para dizer que António José Seguro continua a ser apenas o que sempre foi. E isso é uma desilusão. Só não é um desastre porque Maria João Rodrigues e Ana Gomes estão em lugares ilegíveis.
DIAP apanha 50 milhões a gestores do BPP
A notícia é de monta. Enquanto uns palram, outros conseguem, não obstante todas as dificuldades. Talvez fosse interessante que a direita e a esquerda, ou o que resta de ambos, tal como o governo e a ministra da Justiça, tivessem a honestidade política de vir a terreiro garantir mais meios para ser possível um verdadeiro combate contra a corrupção.
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BES e os escândalos
Há qualquer coisa de diferente no BES. Semana sim, semana não, lá aparecem notícias que levantam muitas dúvidas sobre a gestão do banco que se confunde com um determinado período da história de Portugal. Por que será? Azar? Perseguição? Má gestão?
Os ventos da política francesa
Para compreender melhor a política e os políticos portugueses basta olhar com alguma atenção para o que se tem passado em França. A esquerda francesa, que tudo fez para dar força à extrema direita de Jean-Marie Le Pen, desde François Mitterrand, é tão hipócrita quanto a direita de Nicolas Sarkozy, cuja política desastrosa acabou por permitir a eleição de François Hollande e consolidar Marine Le Pen. O resultado está à vista: Front National ganha espaço, até ao nível regional, perante um coro imenso de carpideiras.
segunda-feira, março 24, 2014
Resposta de José Rodrigues dos Santos - sem intermediário
RESPOSTA DE JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS AOS COMENTÁRIOS PUBLICADOS NESTA PÁGINA À ENTREVISTA FEITA PELO JORNALISTA A JOSÉ SÓCRATES, NO DOMINGO, DIA 23 DE MARÇO DE 2014, NA RTP1:
Devido às minhas funções na RTP, que nada têm a ver com a minha actividade de romancista para a qual esta página foi criada, alguns leitores escreveram mensagens críticas da forma como foi conduzido o espaço com José Sócrates. Repito que isto nada tem a ver com os livros, razão de ser desta página de Facebook, mas não me importo de esclarecer dúvidas e equívocos que me parecem nascer do facto de muitas pessoas, e como é natural, desconhecerem as regras da actividade jornalística.
Uma leitora chega mesmo a perguntar em que escola aprendi jornalismo. A resposta é: na BBC. Sei que se calhar não é suficientemente boa, mas foi o que se pôde arranjar.
O que ensina a BBC? Quais as regras da nossa profissão? É obrigado um jornalista a ser sempre isento? Há ocasiões em que não deve ser isento? São perguntas interessantes e todas elas têm resposta, embora o público em geral, e como me parece normal, não as conheça.
1. A isenção de um jornalista não é obrigatória. Depende da linha editorial do jornal. Não faz sentido esperar que um jornalista do «Avante!», por exemplo, seja isento. A linha editorial do «Avante!» é claramente comunista e um jornalista que não a queira respeitar tem a opção de se ir embora. Há muitos casos que se podem encontrar de linhas editoriais que implicam alinhamentos (partidários, desportivos, ideológicos, etc).
2. No caso da RTP, a linha editorial é de isenção. Isto acontece porque se trata de um meio público, pago por todos os contribuintes, pelo que deve reflectir as diferentes correntes de opinião. Os jornalistas esforçam-se por escrever as notícias com neutralidade e, nos debates, os moderadores esforçam-se por permanecer neutrais.
3. Nas entrevistas, no entanto, as regras podem mudar. Há dois tipos de entrevista: a confrontacional (normalmente a entrevista política) e a não confrontacional. Em ambos os casos a isenção pode perder-se, não porque o entrevistador seja pouco profissional, mas justamente porque é profissional. Por exemplo, numa entrevista não confrontacional com a vítima de uma violação é normal que o entrevistador se choque com o que aconteceu à sua entrevistada. Estranho seria que ele permanecesse indiferente ao sofrimento. Não se trata um violador e uma mulher violada da mesma maneira, não se trata um genocida e uma pessoa que perdeu a família inteira da mesma maneira - a regra da isenção não se aplica necessariamente.
4. As entrevistas políticas são, por natureza, confrontacionais (estranho seria que não fossem e que jornalista e político tivessem uma relação de cumplicidade). Uma vez que o agente político que está a falar não tem ninguém de outra força política que lhe faça o contraditório (como aconteceria num debate), essa função é assumida pelo entrevistador. O entrevistador faz o contraditório, assume o papel de advogado do diabo. Portanto, o jornalista suspende por momentos a sua isenção para questionar o entrevistado. Isto é uma prática absolutamente normal. O entrevistador não o faz para "atacar" o entrevistado, mas simplesmente para fazer o contraditório. Acontece até frequentemente fazer perguntas com as quais não concorda, mas sabe que o seu papel é fazer de "oposição" ao entrevistado.
5. Dizem os manuais de formação da BBC, e é assim que entendo o meu trabalho, que o entrevistador não é nem pode ser uma figura passiva que está ali para oferecer um tempo de antena ao político. O entrevistador não é o "ponto" do teatro cuja função é dar deixas ao actor. Ele tem de fazer perguntas variadas, incluindo perguntas incómodas para o entrevistado. Não deve combinar perguntas com os políticos, mas deve informá-lo dos temas. No acto da entrevista o entrevistado "puxa" pela sua faceta positiva e o entrevistador confronta-o com a sua faceta potencialmente negativa. Espera-se assim que o espectador veja as duas facetas.
6. Uma vez apresentado o princípio geral, vejamos o caso de José Sócrates. É falso que José Sócrates desconhecesse esta minha linha de pensamento. Almoçámos e expliquei-lhe o meu raciocínio. Avisei-o de que, se encontrasse contradições ou aparentes contradições entre o que diz agora e o que disse e fez no passado, as colocaria frente a frente e olhos nos olhos, sem tergiversações nem subterfúgios, como mandam as regras da minha profissão. Far-me-ão a justiça de reconhecer que fiz o que disse que ia fazer.
7. Como todas as figuras polémicas, José Sócrates é amado por uns e odiado por outros. É normal com as figuras públicas, passa-se com ele e passa-se comigo e com toda a gente que aparece em público. Mas o que se está a passar com ele é que muita gente fala mal nas costas e ninguém pelos vistos se atreve a colocar-lhe as questões frontalmente. Fui educado fora de Portugal e há coisas que me escapam sobre o país, mas dizem-me que é um traço normal da cultura portuguesa: falar mal pelas costas e calar quando se está diante da pessoa. Acho isso, devo dizer, lamentável. Quando alguém é muito atacado, devemos colocar-lhe frontalmente as questões para que ele tenha o direito de as esclarecer e assim defender-se. Foi o que foi feito na conversa com José Sócrates. As questões que muita gente coloca pelas costas foram-lhe apresentadas directamente e ele defendeu-se e esclareceu-as. Se o fez bem ou mal, cabe ao juízo dos espectadores.
8. O caso de José Sócrates tem alguns contornos especiais e raros. Ele foi Primeiro-Ministro durante seis anos e acabou o mandato com o país sob a tutela da troika. Quando era chefe do Governo, começou a aplicar medidas de austeridade. No PEC I foram muito suaves (cortes em deduções fiscais e outras coisas), mas foram-se agravando no PEC II (aumento de impostos) e no chamado PEC III, que na verdade era o Orçamento de 2011 (corte de salários no sector público, introdução da Contribuição Especial de Solidariedade aos pensionistas, aumento de impostos, cortes nas deduções, etc). Defendendo estas medidas, afirmou em público que "a austeridade é o único caminho". Agora, nas suas declarações públicas, ele mostra-se contra a austeridade. Estamos aqui, pois, perante uma contradição - ou aparente contradição. Não tem um jornalista o dever de o colocar perante essa (aparente ou não) contradição, dando-lhe assim oportunidade para esclarecer as coisas?
9. Na entrevista não é para mim necessariamente relevante se ele tinha razão quando aplicou a austeridade ou se tem razão agora que critica a austeridade. O que é relevante é que há uma aparente contradição e cabe ao jornalista confrontá-lo com ela. Foi o que foi feito e ele prestou os seus esclarecimentos. Se foi convincente ou não, cabe a cada espectador ajuizar, não a mim. Limitei-me a apresentar-lhe directamente os problemas e a dar-lhe a oportunidade de os esclarecer. O meu trabalho ficou completo.
10. Como disse no ponto 8, o caso de José Sócrates é raro. Não é muito normal termos entrevistados com as circunstâncias dele. O tipo de conversa que era necessário para esclarecer as coisas não nasce do facto de ele ser do PS, mas das suas circunstâncias únicas. Se o entrevistado fosse, por exemplo, Ferro Rodrigues ou Maria de Belém ou Francisco Assis ou qualquer outra figura do partido, o perfil da conversa teria de ser diferente porque nenhum deles teve funções de Primeiro-Ministro durante tanto tempo e imediatamente antes da chegada da troika nem entrou num discurso tão aparentemente contraditório como José Sócrates. São as suas circunstâncias específicas que exigem uma abordagem específica. Se o Primeiro-Ministro que governou nos seis anos antes da chegada da troika fosse do PSD, CDS, PCP, BE, MRPP ou o que quer que seja, e fizesse declarações tão aparentemente contraditórias com o que disse e fez quando governava, não tenham dúvidas de que as minhas perguntas seriam exactamente as mesmas.
11. No final, temos de nos perguntar: José Sócrates esclareceu bem a sua posição? Essa resposta cabe a cada um e aí não meto eu o dedo. Limitei-me a dar-lhe a oportunidade de tudo esclarecer.
12. E aquele espaço?, perguntarão alguns. É entrevista? É comentário? Boa pergunta. A minha resposta está no ponto 5.
Um abraço a todos.
José Rodrigues dos Santos
Link: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=663444407056487&id=169045036496429&stream_ref=5
Devido às minhas funções na RTP, que nada têm a ver com a minha actividade de romancista para a qual esta página foi criada, alguns leitores escreveram mensagens críticas da forma como foi conduzido o espaço com José Sócrates. Repito que isto nada tem a ver com os livros, razão de ser desta página de Facebook, mas não me importo de esclarecer dúvidas e equívocos que me parecem nascer do facto de muitas pessoas, e como é natural, desconhecerem as regras da actividade jornalística.
Uma leitora chega mesmo a perguntar em que escola aprendi jornalismo. A resposta é: na BBC. Sei que se calhar não é suficientemente boa, mas foi o que se pôde arranjar.
O que ensina a BBC? Quais as regras da nossa profissão? É obrigado um jornalista a ser sempre isento? Há ocasiões em que não deve ser isento? São perguntas interessantes e todas elas têm resposta, embora o público em geral, e como me parece normal, não as conheça.
1. A isenção de um jornalista não é obrigatória. Depende da linha editorial do jornal. Não faz sentido esperar que um jornalista do «Avante!», por exemplo, seja isento. A linha editorial do «Avante!» é claramente comunista e um jornalista que não a queira respeitar tem a opção de se ir embora. Há muitos casos que se podem encontrar de linhas editoriais que implicam alinhamentos (partidários, desportivos, ideológicos, etc).
2. No caso da RTP, a linha editorial é de isenção. Isto acontece porque se trata de um meio público, pago por todos os contribuintes, pelo que deve reflectir as diferentes correntes de opinião. Os jornalistas esforçam-se por escrever as notícias com neutralidade e, nos debates, os moderadores esforçam-se por permanecer neutrais.
3. Nas entrevistas, no entanto, as regras podem mudar. Há dois tipos de entrevista: a confrontacional (normalmente a entrevista política) e a não confrontacional. Em ambos os casos a isenção pode perder-se, não porque o entrevistador seja pouco profissional, mas justamente porque é profissional. Por exemplo, numa entrevista não confrontacional com a vítima de uma violação é normal que o entrevistador se choque com o que aconteceu à sua entrevistada. Estranho seria que ele permanecesse indiferente ao sofrimento. Não se trata um violador e uma mulher violada da mesma maneira, não se trata um genocida e uma pessoa que perdeu a família inteira da mesma maneira - a regra da isenção não se aplica necessariamente.
4. As entrevistas políticas são, por natureza, confrontacionais (estranho seria que não fossem e que jornalista e político tivessem uma relação de cumplicidade). Uma vez que o agente político que está a falar não tem ninguém de outra força política que lhe faça o contraditório (como aconteceria num debate), essa função é assumida pelo entrevistador. O entrevistador faz o contraditório, assume o papel de advogado do diabo. Portanto, o jornalista suspende por momentos a sua isenção para questionar o entrevistado. Isto é uma prática absolutamente normal. O entrevistador não o faz para "atacar" o entrevistado, mas simplesmente para fazer o contraditório. Acontece até frequentemente fazer perguntas com as quais não concorda, mas sabe que o seu papel é fazer de "oposição" ao entrevistado.
5. Dizem os manuais de formação da BBC, e é assim que entendo o meu trabalho, que o entrevistador não é nem pode ser uma figura passiva que está ali para oferecer um tempo de antena ao político. O entrevistador não é o "ponto" do teatro cuja função é dar deixas ao actor. Ele tem de fazer perguntas variadas, incluindo perguntas incómodas para o entrevistado. Não deve combinar perguntas com os políticos, mas deve informá-lo dos temas. No acto da entrevista o entrevistado "puxa" pela sua faceta positiva e o entrevistador confronta-o com a sua faceta potencialmente negativa. Espera-se assim que o espectador veja as duas facetas.
6. Uma vez apresentado o princípio geral, vejamos o caso de José Sócrates. É falso que José Sócrates desconhecesse esta minha linha de pensamento. Almoçámos e expliquei-lhe o meu raciocínio. Avisei-o de que, se encontrasse contradições ou aparentes contradições entre o que diz agora e o que disse e fez no passado, as colocaria frente a frente e olhos nos olhos, sem tergiversações nem subterfúgios, como mandam as regras da minha profissão. Far-me-ão a justiça de reconhecer que fiz o que disse que ia fazer.
7. Como todas as figuras polémicas, José Sócrates é amado por uns e odiado por outros. É normal com as figuras públicas, passa-se com ele e passa-se comigo e com toda a gente que aparece em público. Mas o que se está a passar com ele é que muita gente fala mal nas costas e ninguém pelos vistos se atreve a colocar-lhe as questões frontalmente. Fui educado fora de Portugal e há coisas que me escapam sobre o país, mas dizem-me que é um traço normal da cultura portuguesa: falar mal pelas costas e calar quando se está diante da pessoa. Acho isso, devo dizer, lamentável. Quando alguém é muito atacado, devemos colocar-lhe frontalmente as questões para que ele tenha o direito de as esclarecer e assim defender-se. Foi o que foi feito na conversa com José Sócrates. As questões que muita gente coloca pelas costas foram-lhe apresentadas directamente e ele defendeu-se e esclareceu-as. Se o fez bem ou mal, cabe ao juízo dos espectadores.
8. O caso de José Sócrates tem alguns contornos especiais e raros. Ele foi Primeiro-Ministro durante seis anos e acabou o mandato com o país sob a tutela da troika. Quando era chefe do Governo, começou a aplicar medidas de austeridade. No PEC I foram muito suaves (cortes em deduções fiscais e outras coisas), mas foram-se agravando no PEC II (aumento de impostos) e no chamado PEC III, que na verdade era o Orçamento de 2011 (corte de salários no sector público, introdução da Contribuição Especial de Solidariedade aos pensionistas, aumento de impostos, cortes nas deduções, etc). Defendendo estas medidas, afirmou em público que "a austeridade é o único caminho". Agora, nas suas declarações públicas, ele mostra-se contra a austeridade. Estamos aqui, pois, perante uma contradição - ou aparente contradição. Não tem um jornalista o dever de o colocar perante essa (aparente ou não) contradição, dando-lhe assim oportunidade para esclarecer as coisas?
9. Na entrevista não é para mim necessariamente relevante se ele tinha razão quando aplicou a austeridade ou se tem razão agora que critica a austeridade. O que é relevante é que há uma aparente contradição e cabe ao jornalista confrontá-lo com ela. Foi o que foi feito e ele prestou os seus esclarecimentos. Se foi convincente ou não, cabe a cada espectador ajuizar, não a mim. Limitei-me a apresentar-lhe directamente os problemas e a dar-lhe a oportunidade de os esclarecer. O meu trabalho ficou completo.
10. Como disse no ponto 8, o caso de José Sócrates é raro. Não é muito normal termos entrevistados com as circunstâncias dele. O tipo de conversa que era necessário para esclarecer as coisas não nasce do facto de ele ser do PS, mas das suas circunstâncias únicas. Se o entrevistado fosse, por exemplo, Ferro Rodrigues ou Maria de Belém ou Francisco Assis ou qualquer outra figura do partido, o perfil da conversa teria de ser diferente porque nenhum deles teve funções de Primeiro-Ministro durante tanto tempo e imediatamente antes da chegada da troika nem entrou num discurso tão aparentemente contraditório como José Sócrates. São as suas circunstâncias específicas que exigem uma abordagem específica. Se o Primeiro-Ministro que governou nos seis anos antes da chegada da troika fosse do PSD, CDS, PCP, BE, MRPP ou o que quer que seja, e fizesse declarações tão aparentemente contraditórias com o que disse e fez quando governava, não tenham dúvidas de que as minhas perguntas seriam exactamente as mesmas.
11. No final, temos de nos perguntar: José Sócrates esclareceu bem a sua posição? Essa resposta cabe a cada um e aí não meto eu o dedo. Limitei-me a dar-lhe a oportunidade de tudo esclarecer.
12. E aquele espaço?, perguntarão alguns. É entrevista? É comentário? Boa pergunta. A minha resposta está no ponto 5.
Um abraço a todos.
José Rodrigues dos Santos
Link: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=663444407056487&id=169045036496429&stream_ref=5
Fantástico: a espantosa crispação por causa do jornalismo
Anda para aí um corrupio de críticas à prestação televisiva de José Rodrigues dos Santos. Em Portugal, quase 40 anos depois do 25 de Abril, o jornalista que escrutina é maldito, mas o jornalista acéfalo continua a ter uma claque incondicional. Haverá melhor indicador da democracia que temos?
Media: até nos momentos mais negros
O jornalismo é e sempre foi assim: até nos momentos mais negros há sempre uma réstia de esperança no trabalho e dignidade profissional dos jornalistas. Não vou perder, daqui a 14 dias, o espaço de opinião da RTP ao Domingo.
quinta-feira, março 20, 2014
Manifesto de esquerda: vamos ao essencial
A política, a memória e a fantochada do presente, via redes sociais, com a imprensa a ver navios. Por que será?
quarta-feira, março 19, 2014
terça-feira, março 18, 2014
Mário Crespo marca a diferença
Num panorama marcado por uma imprensa que já ultrapassou o nível da genuflexão, para não lhe chamar outra coisa, de destacar a dignidade profissional do mea culpa de Mário Crespo, na SIC Notícias, que admitiu o monumental erro da comunicação social ao não acompanhar o processo da prescrição do caso BCP que envolveu Jardim Gonçalves, entre outros. Entre directores de pacotilha, o futebol, o entretenimento de caserna, o infolixo e outras histórias com sotaque angolano e chinês é bem capaz de restar pouco tempo...
Medeiros Ferreira: um político que faz falta
A luta, o pensamento, a intervenção e o trato cordato (até com os jornalistas) fizeram de José Medeiros Ferreira um político com capacidade para merecer o respeito daqueles que não são nem devem nada a esta espécie de esquerda que tem condicionado a democracia portuguesa.
A diferença insanável cada vez mais sanável
A reunião entre o primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição provou que o entendimento é cada vez mais viável à medida que o tempo passa. António José Seguro começa a perceber que só pode alcançar o poder se no dia a seguir às Legislativas de 2015 estiverem afastadas as condições para um terramoto financeiro em Portugal. Pedro Passos Coelho já o tinha percebido.
segunda-feira, março 17, 2014
Passos Coelho versus Seguro: negociação às claras
Hoje, em São Bento, às 18H45, com o trabalho de casa preparado nos bastidores.
sexta-feira, março 14, 2014
As grandes vítimas do manifesto
Uma certa esquerda (com fome de poder) e uma certa direita (já passou de prazo) tentam aparecer como vítimas depois das críticas contundentes, dos mais diversos quadrantes, ao manifesto dos 70. Não há melhor prova de que a jogada falhou.
quinta-feira, março 13, 2014
Banco de Portugal e juízes: a mesma luta
A troca de argumentos entre os responsáveis do Banco de Portugal e os juízes do Conselho Superior de Magistratura revela a impunidade que graça em determinadas instituições.
Face Oculta: missão cumprida pelo MP
Marques Vidal, procurador da República, concluiu as alegações finais, pedindo penas de cadeia para Manuel Godinho e ex-governantes.
quarta-feira, março 12, 2014
Juros sobrem depois do manifesto dos 70
Com este PS, refém de gente com azia, cujo umbigo é maior do que qualquer ponta de vergonha e sentido de Estado (o verdadeiro, não aquele que serve para encher os cofres pessoais e dos partidos!), vale a pena imaginar o que pode acontecer em 2015, antes das eleições Legislativas.
Vale a pena abrir uma Caixa de Pandora?
Um manifesto, mais um, desta vez assinado por 74 personalidades, reabriu o debate da necessidade da renegociação da dívida. É um gesto de cidadania, que encerra o melhor da participação individual, mas pode ter outras leituras bem menos abonatórias.
Ainda antes de dar um passo no sentido de um entendimento entre as maiores forças partidárias, que permitiria aliviar os juros, logo diminuir o sofrimento dos portugueses, valerá a pena abrir a Caixa de Pandora?
Face Oculta: Offshores e prendas de luxo
Há notícias e notícias. E processos judiciais e processos judicias. Eis uma frase, proferida por Marques Vidal, procurador da República, em sede de audiência do julgamento do caso Face Oculta, que deveria ser inscrito no frontispício de todas as instituições governamentais e públicas : «Em três anos, [Manuel] Godinho gastou mais de 170 mil euros com governantes e empresários».
terça-feira, março 11, 2014
39 anos depois: o silêncio?
Parece haver pouca vontade para comemorar a data do 11 de Março de 1975. Será que o foguetório fica adiado para 14 de Março?
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