IPSE DIXIT. BOA SEMANA (20/2023)

«A política portuguesa

é um bailado de manhosos».

J. Rentes de Carvalho

14/05/23

«A pobreza

não é criada pelos pobres, 

não é culpa dos pobres, 

é culpa do sistema que criámos».

Muhammad Yunus (Banco ​​​​​​​Grameen)

12/05/23

«É preciso saber 

se vai haver exonerações 

no âmbito do SIRP e do SIS».

Jorge Bacelar Gouveia

11/05/23

«É evidente 

que o que se passou [SIS] 

é grave».

Francisco Assis

10/05/23

«Let me decide 

what I am 

offended by».

Tom Hanks

10/05/23

«Animado pela vitória 

na crise política da semana passada, 

o PS parece agora estar apostado 

em fazer o papel de pirata do ar 

na comissão de inquérito à TAP».

João Paulo Batalha

10/05/23

«Quando olho para o país, 

fico perplexo com o que vejo. 

Acho que os portugueses 

merecem melhor». 

António José Seguro

09/05/23

«Na pele do ex-adjunto [de João Galamba], 

sentiria temor do SIS».

Teresa Violante

08/05/23

O CIRCO VOADOR

«O mais relevante no testemunho da CEO da TAP não foi sobre a TAP. Foi sobre o abandalhamento total das instituições políticas em Portugal».

UM HOMEM PARA TEMPO NENHUM

«A patética figura de Marcelo no caso gravíssimo dos abusos sexuais da igreja é o retrato de um homem sem palavra, sem caráter, sem noção».

TIRO AO MENSAGEIRO

«Finalmente, a Universidade de Lisboa lançou acusações disciplinares pelos casos de assédio na Faculdade de Direito. Contra os abusadores? Não, contra quem os expôs. Um dos pequenos vícios que mantém vivo e vibrante o império de inércia que governa Portugal é a nossa enorme capacidade de distração».

O SILENCIADOR DA BAZUCA

«O circo está montado: por cada alerta para riscos de ineficiência ou abuso no PRR, vamos ouvir promessas de controlo apertado e anúncios risonhos das maravilhas que o dinheiro traz».

O REGIME A COMENTAR O REGIME

«O retrato de Portugal que nos surge nos painéis de comentário televisivo consegue ser ainda mais deprimente do que o país real. É obra – e não devia ser».

O PREÇO DA LIBERDADE

«A guerra que martiriza a Ucrânia e ameaça a Europa traz uma lição importante (e cara): não podemos ter democracias que se abastecem nas ditaduras. Precisamos de outra globalização».

UMA TAPINHA NÃO DÓI

«As contas sobre a importância "estratégica" da TAP simplesmente não batem certo, por mais que se torçam – as contas e os contadores. Era uma vez um elefante branco voador».

O LOBBY DOS GOLISTAS

«A morte repentina da lei do lobby é o triunfo da opacidade sobre a democracia. E mostra como o Bloco Central tem o vício do exercício do poder à porta fechada».

PRESIDENTE, POLVO E ROUBALHEIRA

As críticas a Marcelo Rebelo de Sousa estão a subir de tom e já são transversais ao espectro político e partidário. A mais recente declaração presidencial deu origem a mais uma opinião arrasadora «Marcelo Rebelo de Sousa pôs a melhor cara de orgulho e confiança que conseguiu para as televisões e disse que "não é um ou 10 casos" que abalam a reputação das Forças Armadas. Se não são 10, quantos são precisos? Porque antes da Operação Miríade já tivemos a palhaçada de Tancos – e já tínhamos tido um roubo de armas no quartel dos Comandos na Carregueira. E tivemos o "polvo" da corrupção sistémica nas messes da Força Aérea, onde o defeito da roubalheira há muito se tinha tornado feitio. E tivemos corrupção na compra de equipamentos – os submarinos, os Pandur, os helicópteros EH 101 ou os aviões C295 e P3 Orion, com honras de comissão de inquérito. Tivemos os escândalos de fraude nas famosas contrapartidas na compra de brinquedos para as Forças Armadas. Não é um caso nem 10. São a perder de vista».

IN DUBIO PRO ROUBO

«A atuação errática da Justiça tem boa companhia na reação errática das lideranças políticas. Nesta bagunça, fica por fazer uma verdadeira avaliação e reforma do sistema».

PASSA A OUTRO E NÃO AO MESMO

«Quando se diz que um processo “corre” termos num qualquer tribunal, quase sempre não “corre”, coxeia, e os “termos” são intermináveis. João Rendeiro é o último exemplo».

OS ALEMÃES SÃO UNS TANSOS

«Um banco estatal alemão foi condenado por fazer negócios com Isabel dos Santos. Em Portugal, bancos, magistrados e reguladores devem ter-se escangalhado a rir».

OS VENDEDORES DE INDULGÊNCIAS

«Por muito “doa a quem doer” que se proclame nos discursos oficiais, a verdade é esta: quando os crimes são cometidos pelo poder, não passam de pecadilhos. Três casos práticos».

LONGA VIDA AO HOMEM DA MALA

«O Governo já tem o dedo no gatilho da bazuca. Vai ser interessante ficarmos atentos à evolução das contas dos partidos nos próximos anos, alguns deles (a começar pelo PS) tecnicamente falidos, ou à beira disso. Algo me diz que que o Plano de Recuperação e Resiliência vai pagar a recuperação e resiliência dos nossos partidos políticos. É a festa da democracia».

MINISTÉRIO DO GELO

«A expedição à neve da ministra da Coesão Territorial é só uma daquelas tolices que costumam dar em Agosto. O que é mesmo mau é que, tirando o gelo, nada mais se vê do seu Ministério».

DEMÊNCIA

«Ricardo Salgado não está bom da cabeça? Volte lá da Sardenha. Vai sentir-se em casa no sistema judicial português».

O DIA SEGUINTE, PARCIAL E SUJO

«A comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, que começou mal demais com a nomeação paroquial do comissário, vai ter de tratar disto. Vai ter de passar da poesia inicial inteira e limpa para a prosa difícil e dolorosa que se seguiu. Vai ter de enfrentar a instabilidade e a violência, a descolonização e o racismo, tudo o que deixou traumas e que ainda hoje nos divide e nos desune. Não vale a pena termos ilusões de grande concórdia e unidade nacional. Já será útil dessacralizar os mitos, arejar os fantasmas e ter estas discussões com frontalidade e abertura. Com as dores da pandemia às costas e esperanças numa recuperação sanitária, social e económica, é hora de perder o mau hábito de esconder as vergonhas debaixo do tapete».

A IRMANDADE DOS NEGÓCIOS

«As cimeiras da CPLP são uma ficção pouco edificante. Debaixo do verniz da fraternidade lusófona estão os negócios estreitinhos de uma elite pouco recomendável».

NAÇÃO BENFIQUISTA

«É provavelmente má ideia ter advogados no ativo como membros dos conselhos que têm poderes de disciplina sobre procuradores e juízes. Não se trata de questionar a honorabilidade pessoal dos membros desses conselhos. Trata-se de desenhar a instituição para minorar os riscos de conflitos de interesses. É útil que haja gente externa às magistraturas nestes órgãos de governo. Têm é de ser verdadeiramente independentes, e isso é complicado quando são advogados que lidam profissionalmente com as pessoas que estão a avaliar. Precisamos de frieza para fazer essas reformas. Caso contrário, continuaremos amarrados aos vícios dos conflitos de interesses, da promiscuidade e da hipocrisia. Já basta o que basta».