PROPAGANDA AINDA MEXE

Os portugueses não conseguem esticar o dinheiro até ao fim do mês, muito menos garantir uma casa condigna, aquecimento no Inverno e dinheiro para os medicamentos, quando conseguem ter cuidados de saúde no SNS. O que devem pensar estas famílias quando ouvem nas "notícias" as sistemáticas loas ao aumento dos salários mínimo e médio?

DESENLAMEAR A REPÚBLICA

«No cenário das eleições antecipadas, o impulso da reforma da justiça para melhor controlar o titular da acção penal, em jeito de vingança, é apenas mais uma prosaica boçalidade, tendo em conta a actual autonomia de fachada, sem meios».

UM ESTADO DOENTE

«Pedro Nuno Santos representa a continuidade de tudo o que está em causa na crise que levou à queda do Governo: a informalidade, a gestão irresponsável dos recursos do Estado, a desvalorização dos comportamentos ou a ocupação pelo PS de cargos no aparelho do Estado».

E ASSIM VAI A REPÚBLICA

«Costa desmente Marcelo. Primeiro-ministro diz que não pediu chamada de PGR».

O LAMAÇAL, ESSA ESTRANHA FORMA DE VIDA

«São os órgãos de soberania desfocados do exercício constitucional, sinalizando à sociedade exemplos inacreditáveis de falta de senso e de atropelo a questões básicas de um Estado de Direito (...) É a degradação generalizada do ambiente político, social e económico, que condena o país a um estado anémico, num quadro geral de incerteza, de sobrevivência e de deslaço em relação ao compromisso, às expectativas e às ambições. E será, terá de ser, uma maior exigência cívica nas escolhas, nas opções e no exercício de funções públicas, num tempo em que, à falta de funcionamento regular dos serviços e das instituições, todos procuram soluções e subterfúgios para as necessidades e as oportunidades».

TEMPO DE TODAS AS NEGOCIATAS

Chamam-lhe complexidade, desafiante e até pantanoso, mas os tempos que correm, com um governo sob suspeita em plenas funções, é o das grandes negociatas para quem já perdeu o pé, com a ajuda dos “enganados” de sempre. Os discursos ziguezagueantes, as desculpas esfarrapadas e os silêncios comprometedores não deixam dúvidas. É o momento de responsabilizar os representantes eleitos dos órgãos de soberania que concorreram para a grave crise que vai penalizar ainda mais a vida dos mais pobres. 

O MINISTÉRIO PÚBLICO É INTOCÁVEL?

O artigo de opinião do constitucionalista e socialista Vital Moreira.

MP E POLÍTICA: ESCRUTINAR, ESCRUTINAR, ESCRUTINAR

Com Marcelo Rebelo de Sousa, para quem o conhece, nada do que acontece no país é de espantar. Mas a crise não passará, tal como aconteceu no passado, enquanto não forem esclarecidas cabalmente as dúvidas que perpassam pela cabeça dos portugueses ainda estupefactos com tudo o que se passou nos últimos dias. É preciso garantir o escrutínio de qualquer hipótese de aliança entre o poder político e o Ministério Público, seja para branquear, beneficiar e/ou prejudicar quem quer que seja.

P. S. É mais do que uma coincidência: os candidatos anunciados para a liderança do Partido Socialista em 2023 replicam o cenário de 2014. Será que os socialistas aprenderam alguma coisa?

DUAS CORRENTES ROSA NO LAMAÇAL

O país está submerso, há uma semana, num lamaçal político, com repercussões tentaculares em diversas instituições. Depois de termos sido varridos por um tsunami judicial que detonou o Governo, eis que surgem outros episódios que descredibilizam o funcionamento das instituições.

PORTUGAL A DESMORONAR

«Não, não precisamos de mais génios, mas sim de políticos sem nódoas».

CRISE POLÍTICA: O NOVO (A)NORMAL

Depois de Marcelo Rebelo de Sousa, suspeito de abuso de poder no caso das gémeas do Santa Maria, dizer que a sua família não foi eleita, ninguém pode ficar admirado por António Costa, demissionário e suspeito de corrupção, afirmar que o PM não tem amigos. 

P. S. Só mesmo a justiça para colocar um ponto final. E, depois, que cada um defenda a respectiva gamela.

A CRISE E O PESADELO

A crise económica e social duramente sentida pelos portugueses não merecia o pântano em que os órgãos de soberania mergulharam, confundindo a divergência, a pluralidade e a frontalidade com a ameaça pública e a linguagem futebolística rasteira.

P. S. Neste pesadelo só falta José Sócrates "quebrar o galho", anunciando a entrada na corrida a Belém, depois de bebericar uma caipirinha pela palhinha, enquanto vislumbra o publicitário a admirar o cartaz de Lula da Silva, que ainda tresanda a gasolina, sonhando com o triplex do Banco do Paraná, da Odebrecht e da Petrobras.

COSTA SEM PALAVRAS DEPOIS DO ROMBO DE 13 MEMBROS DO GOVERNO

O silêncio de António Costa sobre mais uma demissão no governo por causa de suspeitas de corrupção é apenas e tão-só mais um acto de cobardia política. Afinal, felizmente, não tem a desculpa de estar adoentado, muito menos tem de se preocupar com a dissolução, tal foi o espalhanço da última aventura presidencial com o caso de João Galamba.

A INSTABILIDADE POLÍTICA DARÁ ESTABILIDADE AO PAÍS?

«É melhor uma instabilidade política do que uma estabilidade de maus líderes a tomar más decisões».

EXERCÍCIO A CAIR DE PODRE

A desvalorização da crise institucional, da desastrosa gestão da TAP e dos abusos impunes dos espiões, porque António Costa tem a maioria, o savoir faire populista e os cofres cheios, é tão boçal quanto mitigar a irrelevância de Marcelo Rebelo de Sousa, porque o que importa é alimentar as ilusões e o assistencialismo que enche as barrigas. O exercício a cair de podre, por ser demasiado cínico, porque normalmente acompanhado do branqueamento do mal presente com os erros do passado, explica o atraso português.

MARCELO EM VERSÃO RETOCADA

A convocação do Conselho de Estado a prazo, com a solenidade de uma declaração na rua, lá para Julho, apesar de poder ser convocado com um prazo mínimo de 3 dias, espelha o tacticismo presidencial, uma versão retocada do branqueamento militante e do folclore popularucho. O resultado pode ser mais instabilidade, mais bipolarização.

A RECEITA (IN)FALÍVEL

A  bandalheira institucional está à vista de todos. O caos na saúde, educação, justiça e segurança castigam, diariamente, os cidadãos. Entretanto, António Costa fala de crise política artificial. E a propaganda insiste no crescimento. 

P. S. A inacção presidencial, tal como nos últimos anos, continua, mais amuo, menos amuo. De que terá medo Marcelo Rebelo de Sousa?

PS À DERIVA

Até as franjas do PS, que estão fora do poder, caiem na tentação de reduzir o assalto às instituições do Estado a meras questões de disputa pessoal entre protagonistas políticos. É novamente o discurso politicamente cínico, ancorado na desculpa esfarrapada de que há outras questões do dia-a-dia das pessoas que são bem mais importantes. 

P. S.: O PS já perdeu as referências que estiveram na origem da sua fundação. E por isso não aprende com os erros do passado. Afinal, os serviços de informações reflectem sempre a deriva do poder político. 

O SIS NO MEIO DA SALÃO

Num país de teatros, encenações e farsas, onde não faltam obviamente todo o tipo de actores exímios em fazerem de conta, prometendo transparência e exigindo responsabilidade, ainda que tudo aceitem para garantir apenas o mínimo denominador comum da verdade, em consciência, com toda a discrição, a realidade é que o "elefante" continua a apodrecer.

P. S. Ao avançar com a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI SIS), a Iniciativa Liberal foi o único protagonista político a dar um passo para responder à questão que importa: além da grosseira ilegalidade, o SIS apreendeu o computador de Frederico Pinheiro, adjunto de Joao Galamba, para saber o que continha, quiçá limpá-lo, antes de chegar às mãos da Polícia Judiciária?

O PAÍS PERCEBEU, FINALMENTE

Os últimos sete anos têm sido pautados por titulares de órgãos de soberania que têm apenas um objectivo: o poder, a qualquer custo. Só não percebe quem desconhece o que é a dignidade institucional.