MINISTROS A 200

A última declaração de António Costa, na enésima entrevista à comunicação social do regime, resulta numa tirada que obviamente conduz subliminarmente a dois incidentes: o primeiro, em que Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente, rodava a alta velocidade na A2, a 5 de Julho passado; o segundo, ainda mais grave, ao atropelamento mortal, na A6, no passado dia 18 de Junho, em que esteve envolvido o carro em que viajava Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna. Lapso ou mais um aviltante exemplo do discurso político arrogante, impune e rasca?

POVO E CAMUFLADO

De palpite em palpite, que não lhe cabe, o vice-almirante teceu considerações sobre as férias de quem ainda não foi vacinado. Certamente, Gouveia e Melo sabe que vacinar veraneantes fora da área de residência, num país do tamanho de uma noz, não é assim tão complexo. Então qual é o objectivo das palavras do responsável da task force? Impor a disciplina da caserna, indiferente à qualidade e conforto que devem prevalecer no serviço a prestar ao cidadão.

P. S: A falta que o vice-almirante fez antes, durante e depois de Tancos.

SER UMA PESSOA REAL ANTES DE PEDIR VOTOS

«Muitos milhares serão gastos em propaganda, comunicação impressa e digital, estruturas, cartazes, telas e comícios. Mas mais milhares vão para agências de comunicação e sondagens. Portanto, antes de pedirem os votos, os candidatos saberão bem a quem, onde e quando pedir. O como é que não muda. Tem mudado quase tudo, menos a forma que Sanna Marin já adotou há algum tempo. Ser uma pessoa real».

A INSUSTENTÁVEL LIBERDADE DE RENDEIRO

«João Rendeiro tem esta condenação transitada em julgado, tem uma outra de 10 anos, por fraude fiscal, branqueamento de capitais e abuso de confiança, decidida em maio deste ano, e já foi condenado no plano contraordenacional a uma coima de 1,5 milhões pelo Banco de Portugal (confirmada pelo tribunal de Santarém) e a outra 1 milhão pela CMVM. Não sofreu nenhuma sanção privativa da liberdade, não pagou nenhuma coima, passeia-se por Portugal e pelo mundo na pose de velho banqueiro injustiçado. O homem que cuidava das fortunas das elites políticas e económicas, que tinha um conselho recheado de ex-ministros de toda a estirpe e condição partidária, era bem visto entre os partidos do Bloco Central mas, em particular, em setores ligados ao PS. João Cravinho chegou a dizer que João Rendeiro “é um homem de bem”».

MARCELO NO AMBIENTE NATURAL

A confusão está instalada nas vacinas. Para aumentar ainda mais a desconfiança nada pior do que acrescentar mais ruído ao ruído existente. 

P. S. Marcelo está no seu ambiente natural. Ao jeito dos velhos tiques, só falta vir explicar como, onde, quando e em que sítio estão arquivados os novos dados.

A POLÍTICA E AS VACINAS

«Contradições e pressões têm, pelo contrário, um efeito perverso: lançar dúvidas entre os pais e fazer diminuir a confiança na vacina. A ciência tem um tempo próprio, que não é compatível com a nossa urgência em conter o vírus. E será a ciência, como sempre, a mostrar o caminho mais acertado, corrigindo e selecionando as melhores vacinas, intervalos e estratégias. É preciso dar-lhe tempo para fazer esse caminho, sem pressas nem intromissões políticas onde a política não pode estar».

AFEGANISTÃO: O PESADELO CONTINUA

No tempo de Trump, o abandono do Afeganistão era mais do regresso do fascismo. Agora, com Biden, consumada a retirada, é o desastre à vista de todos, com os democratas a abrir o caminho aos talibãs, uma espécie de regresso ao passado.

MINISTÉRIO DO GELO

«A expedição à neve da ministra da Coesão Territorial é só uma daquelas tolices que costumam dar em Agosto. O que é mesmo mau é que, tirando o gelo, nada mais se vê do seu Ministério».

DE OXFORD PARA O "ESPECIALISTA" PORTUGUÊS

Andrew Pollard, diretor do centro de vacinas da universidade de Oxford: «Estamos numa situação, com esta variante [Delta], em que a imunidade coletiva não é uma possibilidade, porque ainda infeta indivíduos vacinados. (...) E a próxima variante poderá ser ainda mais transmissível, mesmo entre a população vacinada, o que representa uma razão ainda maior para não se fazer um programa de vacinação em torno da imunidade de grupo».

COSTA AVISOU, MARCELO PREPARA AGENDA

O primeiro-ministro emitiu um alerta para os incêndios que podem estar para chegar em força. E nem uma palavra sobre as denúncias do que não foi feito para evitar uma nova catástrofe.

P. S. Certamente, o presidente já deve estar a preparar a agenda de Verão para os próximos branqueamentos da costumeira incúria governamental.

PORTUGAL COMO FILIÁTRIA

«Só quem tenha da pátria-mátria uma visão mecânica, rasteira e toldada pode vir dizer que Pedro Pablo Pichardo não é português e que aquela medalha não é portuguesa».

MARCELO COM AS ORELHAS A ARDER

A DGS e a Comissão Técnica de Vacinação fizeram questão de reafirmar, durante a conferência de imprensa, a prudência de só agora ter sido tomada a decisão de vacinação universal dos jovens dos 12 aos 15 anos. As palavras medidas  de Graça Freitas e Luís Graça têm uma leitura objectiva e simples: as descabeladas pressões presidenciais foram imprudentes e aventureiras.

P. S. Ficou por saber se os pais têm de assinar um termo de responsabilidade antes da vacinação dos seus filhos menores.

GRAÇA FREITAS CONTINUA

 DGS anuncia que os jovens dos 12 aos 15 anos podem começar a ser vacinados.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: ATERRORIZAR

Na era da informação global, palavras para aterrorizar os cidadãos têm uma eficácia duvidosa, com a agravante de mobilizar uma reacção contrária extremada. O fanatismo, qualquer que seja o lado, é sempre mais ignorância e fracasso.

INDEPENDÊNCIA AMEAÇADA

Com Graça Freitas na mira de Marcelo, hoje vale a pena recordar: Joana Marques Vidal não cedeu no caso de Tancos (2018); e Vítor Caldeira criticou as novas regras da contratação pública (2020). O resultado é conhecido: PGR e Tribunal de Contas mudaram de liderança.

DEVER DE RESERVA

«Estes magistrados não podem exercer qualquer contraditório e vir a público defender-se desses ataques. Assim, importa que as instituições que representam as magistraturas assumam um papel cada vez mais ativo nesta matéria, sem receio de que lhes seja colado o rótulo de corporativistas, especialmente por aqueles que na verdade muitas vezes atuam como tal».

O QUE SE ANDOU PARA SE PODER DESCANSAR

«Os direitos laborais que hoje consideramos condições de civilização são o produto de séculos de resistência e luta. Foram consagrados pelas forças progressistas em momentos de conflito com os poderes instituídos. São fruto da relação de forças de cada momento e portanto nunca estão garantidos, mesmo depois de tudo o que andamos para aqui chegar».

CALOR DE VERÃO

Quando vemos os brutais incêndios na Califórnia, Grécia e Turquia, a memória de Pedrogão assalta-nos, tal e qual como a desculpa esfarrapada, mil vezes dita, que também é assim pelo mundo fora. E, de novo à espera do desastre, não é possível, por uma vez, fazer diferente por cá para não vivermos o pesadelo do passado?

É O RESPEITO, ESTÚPIDO!

«Quando penso na leveza com que o ministro Pedro Nuno Santos decide manter a TAP que conhecemos, à custa de todos nós, tenho a desagradável sensação de que o discurso político que nos servem toma por garantida a indigência intelectual dos cidadãos».

MARCELO A ESBRACEJAR E A PERDIGOTAR

O crescendo da fúria presidencial diz tudo sobre a confusão instalada na vacinação dos mais jovens. E, é caso para temer – se a DGS não autorizar rapidamente a vacinação das crianças dos 12 aos 15, nem a 3ª dose for autorizada amanhã ou depois de amanhã –, o risco de assistir a uma comunicação ao país de Marcelo Rebelo de Sousa, ameaçando Graça Freitas com uma força militar, obviamente liderada pelo vice-almirante.

P. S. António Costa ainda não deve ter parado de rir.