Diariamente, os apelos lancinantes do Marcelo, Costa e afins para acolher turistas britânicos (país da Europa com mais mortes por Covid) antecedem o zurzir em Bolsonaro e Trump. Não há limites para a subserviência/indigência dos alinhamentos informativos televisivos...
As gargalhadas apanhadas pelos microfones das televisões a propósito do anúncio do fim das reuniões entre políticos e especialistas no Infarmed (afinal, parece que vão continuar) revelam cristalinamente como os órgãos de soberania tratam os cidadãos e encaram o Estado.
P. S. O país aguarda a publicação do estudo da equipa do epidemiologista Henrique de Barros que "mostra" não existir relação entre os transportes ferroviários mais frequentados e a Covid19.
Em Albufeira, a polícia carregou sobre miúdos holandeses dos 17 aos 19 anos, deixando o rasto do actual discurso esquizofrénico do poder que, obviamente, vai fazer de conta que nada se passou... Só falta uma campanha para atrair turistas para o Algarve, obviamente elogiando os transportes públicos, em que, por cá, segundo estudos misteriosos, nem o vírus quer viajar... Francamente!
A cada reunião no Infarmed, à porta fechada, Marcelo Rebelo de Sousa é um hino à ficção do que o poder gostaria que a realidade fosse, mas não é. Assim, antes que os danos sejam ainda maiores, liquida-se o ciclo e o modelo, que não resultaram, fechando a porta à periodicidade de uma reunião que nunca significou transparência, mas sim instrumento ao serviço da opacidade e do secretismo.
Depois de tudo o que já ouvimos, lemos e vimos sobre a COVID-19, depois de mais de 1500 mortes, o Ministério Público deu sinal de vida. Para investigar a incúria da falta de equipamentos de protecção? As condições em que médicos, enfermeiros e auxiliares trabalham no SNS? A infâmia dos mais velhos a morrer nos lares? As condições em que funcionam os transportes públicos? A divulgação de números truncados?
Não! Não! Não! Não! Não!
Apesar de por essa Europa fora não faltarem exemplos de investigação criminal para responsabilizar governantes, políticos e gestores, por cá Lucília Gago, procuradora-geral da República, manda investigar e perseguir os jovens: «O Ministério Público vai investigar festa que contagiou estudantes do Politécnico da Guarda».
P. S. E se não vivêssemos em regime de bailete presidencial tipo Vira...
Enquanto em Portugal não se passa nada, nem há sinal de qualquer intervenção do MP, apesar de todas as evidências, a situação é bem diferente em França: Pacientes do COVID-19 e médicos, agentes penitenciários, polícias, bem como outros profissionais, apresentaram no Tribunal de Justiça 90 queixas sem precedentes nos últimos meses, principalmente por falta de máscaras e outros equipamentos.
As reacções do PM e PR sobre o "chumbo" do Reino Unido revelam como ambos fazem política. Ficámos a saber que, se fosse ao contrário, a saúde dos portugueses seria sacrificada às mãos do Estado. E que a ficção e a mentira são instrumentos essenciais da governação...
Ainda não há sinal da demissão de o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que também assume as funções de coordenador da região de Lisboa e Vale do Tejo para a gestão da Covid-19. Não, nada! Só mesmo uma entrevista auto-justificativa que está ao nível dos tempos. Entretanto, já é oficial: «Reino Unido exclui Portugal dos corredores aéreos».
É o novo movimento dinâmico e extraordinário: desde o presidente da República até ao primeiro-ministro, sem esquecer presidente da Câmara de Lisboa, estão todos a sacudir a Covid-19 do capote. Quem diria...
As críticas às escandalosas condições dos transportes em tempos de pandemia estão a virar todas as atenções para Pedro Nuno Santos. Será que o ministro ainda não percebeu que está à beira de ser o bode-expiatório, mais um, arriscando as suas ambições políticas?