ANA CATARINA MENDES: DESCARAMENTO POLÍTICO

O discurso de encerramento do debate do Orçamento do Estado 2022, levado a cabo por Ana Catarina Mendes, ministra Adjuta e dos As untos Parlamentares, é de um descaramento político tal que vale a pena guardá-lo.

JERÓNIMO DE VOLTA

«Portugal não precisa de um orçamento qualquer, precisa de uma resposta aos problemas existentes que se avolumam à medida que não são enfrentados. Há condições e meios para lhes responder. Neste contexto, face ao quadro de compromissos e sinais dados, o PCP votará contra este orçamento do Estado». 

MARCELO NOVAMENTE A EMENDAR A MÃO

Um presidente desnorteado continua a multiplicar declarações, análises e comentários. E, avança precipitadamente, mais uma vez, para o anúncio da dissolução da Assembleia da República no caso do chumbo do Orçamento do Estado para 2022. Agora, um dia depois, lá vem emendar a mão, prometendo o início do processo de dissolução (art. 133º da CRP). Porventura, os Conselheiros de Estado não gostaram de mais uma ligeireza. Afinal, os avanços e recuos presidenciais só confirmam a desvalorização do texto constitucional e o papel decorativo, perdão, o carácter consultivo do Conselho de Estado.

O PROBLEMA DAS MASSAS E A VERTIGEM DO ORÇAMENTO

«Quando as massas não são habituadas a pensar, a escrutinar, a exigir e a fazer valer a sua força em defesa do interesse geral, despertam tardiamente para as realidades. É assim dentro dos partidos políticos e em muitas expressões da organização da nossa sociedade, não sendo de estranhar que uma das máximas de defesa, mesmo em tribunal, seja o “não sei” ou o “não me lembro”. O País precisa de mais memória, de senso no presente e de uma visão sustentável, justa e integrada para o futuro. Tudo o que não vai tendo».

O PRIMEIRO ORÇAMENTO DO RESTO DAS NOSSAS VIDAS

«Um Orçamento do Estado tão em cima do joelho já era algo desnecessário perante os problemas graves que o país enfrenta, no combate à pobreza, na precarização do trabalho, na degradação dos serviços públicos, na sobrevivência das pequenas e médias empresas face à concorrência feroz das maiores, no imparável envelhecimento da população e crise ambiental».

PROPAGANDA SEM RIGOR

Há dois dias, Luís Neves, director-nacional da PJ, no calor de uma grande apreensão de droga, garantiu a perspectiva da maior afectação de meios de sempre para combater a corrupção e a criminalidade económico-financeira. Hoje, é notícia que há apenas um milhão de euros para o DCIAP, pilar do combate à corrupção, no PRR. Organizem-se! Até para fazer propaganda tem de haver rigor.

FOLCLORE, INTIMIDAÇÃO E PROPAGANDA

O folclore, a intimidação e a propaganda institucionais estão a fraquejar. E a estratégia de medo da dupla Marcelo/Costa já não produz efeitos. A crise adensa-se, o presidente esconde-se no silêncio depois de ter precipitado prematuramente o cenário de eleições antecipadas, o PM dá sinais de descontrolo e greves e mais greves são anunciadas diariamente.

PENSÕES: GOTA DE ÁGUA EM RELAÇÃO AO CUSTO DA CORRUPÇÃO

A aprovação do OE para 2002 está em risco por causa de 200 milhões euros. É quanto custa o recalculo das pensões, apresentado pelo Bloco de Esquerda, que os socialistas recusam. Uma gota de água em relação aos muitos milhares de milhões de euros que os roubos da banca e a corrupção custaram ao Estado, quantas vezes pago sem pestanejar. São as "contas certas" de António Costa...

A DECISÃO DE COSTA

«António Costa pode achar que ganha sempre. Ou submete os partidos à esquerda numa negociação sem cedências ou culpá-los-á por uma crise política que ninguém deseja. A decisão é sua. Da parte do Bloco, o país sabe com o que conta. Enfrentamos as chantagens, decidimos sobre soluções concretas».

COSTA E O FIM DAS DÚVIDAS

As nove propostas de Catarina Martins (versão actualizada) já estão nas mãos do primeiro-ministro. E, não falta muito, a clarificação de todas as dúvidas: se houver crise e eleições antecipadas, então Costa fica; se, no último minuto, ceder ao BE e ao PCP, então já tem viagem marcada para um cargo europeu.

LOUÇÃ E COSTA: ESTRATÉGIAS

Francisco Louçã, no seu espaço de comentário na SICN, considerou excessiva a intervenção presidencial, a propósito do orçamento do Estado para 2022, antes de ouvir os partidos. E, à cautela, desmontou a estratégia do PM de provocar uma crise política para tentar a maioria absoluta. E lá lembrou que se António Costa não a conseguir alcançar, então teria de dar lugar a outro, leia-se Pedro Nuno Santos. Só faltou dizer que este seria o caminho mais curto para António Costa partir descansado para um cargo europeu.

P. S. Augusto Santos Silva anda desaparecido.

PRESIDENTE DE TODAS AS CLIENTELAS

No pântano, a Democracia sempre foi um luxo e um empecilho. As contas de mercearia, do presidente de todas as clientelas, anualmente repetidas, qual chantagem política para garantir a passagem de mais um Orçamento do Estado, são muito provavelmente a melhor prova.

P. S. O branqueamento presidencial dos últimos seis anos tem um preço: a fuga em frente.

O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS MILHÕES

«Se olharmos com atenção para aquelas letras pequeninas, lá veremos o IUC a subir, as receitas das multas a fazerem a sua parte, a contribuição extraordinária na banca (ou seja, mais comissões a recair sobre os clientes), taxas sobre tabaco, bebidas açucaradas e alcoólicas. E o Fisco a apertar o cerco. De uma maneira ou de outra, deverão ser os mesmos do costume a pagar a conta. O Orçamento pode agradar a alguns. Mas, por muito que António Costa e João Leão se tenham esforçado, não pode agradar a todos. Se ontem de manhã pareceu que sim, é porque, mais uma vez, foi montado, com o alto patrocínio dos contribuintes portugueses (e o mecenato da bazuca europeia), mais uma brilhante operação de propaganda do Governo».

UM ORÇAMENTO PARA O ESTADO

«A proposta ignora os alertas que têm sido dirigidos por várias entidades, em relação ao crescimento da despesa pública. Com a dívida a galopar para patamares preocupantes, João Leão apresenta um aumento de quase 790 milhões de euros para os funcionários públicos e mais um cheque em branco para a TAP, no valor de 1500 milhões».

ORÇAMENTO: PREGÃO AO RUBRO

Com Outubro quente, está ao rubro o pregão de promessas do Orçamento do Estado para 2022, algumas das quais certamente com "alçapões" para o que der e vier. As notícias rebentam em catadupa, qual propaganda sem limites. E nem um assomo de rigor e responsabilidade à cautela, apesar das promessas falhadas no passado.

PCP: MULETA AGITADA

Na véspera da entrega do Orçamento do Estado para 2022 na Assembleia da República, Jerónimo de Sousa (muleta) agita as águas perante o presidente, o primeiro-ministro e o PS confiantes na "consciência nacional" que tem mantido Portugal na cauda da Europa..

AVANTE A ESQUIZOFRENIA POLÍTICA

O discurso de Jerónimo de Sousa, no encerramento da Festa do Avante, deu mais uns passos nas negociações para a aprovação do orçamento para 2022. Os socialistas dizem que o PCP está no papo; os comunistas gritam que nem pensar.

COMBATE: PROPAGANDA VERSUS REALIDADE

Até às eleições autárquicas de 26 de Setembro, os problemas que estiveram abafados vão começar ver a luz do dia, desde o SNS à electricidade, sem esquecer a Justiça. E a pandemia ainda vai ocupar todas as atenções até 15 de Outubro, data limite para a apresentação do Orçamento do Estado para 2022. Depois, mais uma vez, a crua e dura realidade.

ORÇAMENTO AVANÇA COM TODA A CONFIANÇA

«Évora vai ter produção de hidrogénio verde com tecnologia portuguesa pioneira».

P. S. Carlos Pinto de Sá, eleito pela CDU, vai recandidatar-se à presidência do município para tentar um terceiro mandato nas eleições autárquicas de 2021.