DÉCADA DE INVASORES MISTERIOSOS

Em 2014, em plena crise da Crimeia, Barack Obama telefonou a Vladimir Putin para lhe assegurar que estava a ver os invasores, mas o ditador desmentiu que fossem tropas russas. Passados 10 anos, e de acordo com os mais recentes desenvolvimentos na Guerra da Europa, o ditador russo já devolveu o telefonema a Joe Biden?

CORRER ÀS ORDENS DO DITADOR

Enquanto o Mundo gira freneticamente à volta de mais uma morte (in)esperada na Rússia, desta vez de Evgeny Prigozhin, o mercenário e assassino a soldo de Vladimir Putin, importa recordar que durante anos a fio, mesmo depois da invasão da Crimeia (2014), o ditador russo foi apontado como o responsável pela decisão de mandar matar pelo menos 6 dissidentes e críticos do regime russo. Mesmo assim, para alguns líderes nunca deixou de ser um parceiro.

P. S. Vai valer a pena esperar pela declaração do PCP.

LULA FAZ JUS AO SEU PASSADO CRIMINOSO

O presidente do Brasil continua a fazer jus ao seu passado de ex-preso e ex-condenado por corrupção ao defender que Volodymyr Zelensky «não pode querer tudo». A alarvidade política tem um objectivo: preparar o caminho para a desistência da Crimeia, invadida e anexada em 2014, quiçá do branqueamento dos crimes de guerra de Vladimir Putin. Só faltou mesmo, obviamente pela paz, afirmar o pedido bossal de pedrão da Rússia em relação às devidas reparações da destruição assassina da Ucrânia e dos seu povo.

A TODO O GÁS ALEMÃO

Mesmo depois da invasão da Crimeia pelas forças russas, em 2014, a Alemanha intensificou a compra de gás russo em quase 30%. A factura do gigantesco erro estratégico chegou: Em três dias consecutivos, Vladimir Putin estabeleceu reduções significativas no fluxo de abastecimento para alguns dos principais países europeus (Alemanha, Eslováquia, França e Itália).  

FINANCIAMENTO DA GUERRA E TERRORISMO RUSSOS

Phill Miller

OS 10 AMIGOS DE PUTIN

França e a Alemanha exportaram armas para a Rússia, violando o embargo imposto a partir de julho de 2014, após a agressão e a invasão da Crimeira. Nesta "lista negra" europeia surgem ainda Itália, Áustria, Bulgária, República Checa, Croácia, Finlândia, Eslováquia e Espanha.

COMEÇOU O MEA CULPA A OCIDENTE

Boris Johnson admitiu, publicamente, o «erro terrível» de permitir que Vladimir Putin anexasse a Crimeia, em 2014.

UCRÂNIA: FRACASSO DAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS

Há precisamente oito anos era assim: «[G7] Continuamos prontos para intensificar ações, incluindo sanções setoriais coordenadas que terão um impacto significativamente crescente na economia russa». Hoje, as notícias das matanças são as mesmas de 2014, depois de mais de 14 mil mortos e de muitas negociatas: «Os líderes do G7 concordaram, numa reunião virtual, impor sanções “devastadoras” à Rússia».

PUTIN JÁ GANHOU

Na Ucrânia, com ou sem guerra, agora ou mais tarde, Vladimir Putin já ganhou: colocou o Ocidente perante as suas próprias contradições (Crimeia, entre outras), reafirmou a vocação imperialista do KGB e restantes serviços de informações e mostrou a força da Rússia. Entretanto, o resto do Mundo calcula se os valores democráticos valem as perdas comerciais e financeiras. Em síntese: a indústria do armamento continua a facturar, de um lado e do outro.

COM PUTIN, TEMER O PIOR

«Quando a Rússia tomou a Crimeia, também foram poucos os que vaticinaram uma ofensiva militar. A dimensão é outra, é certo, mas com Putin é preferível esperar o melhor e temer o pior. Ele nunca foi um adorador da paz».

A farsa ocidental choca

A crise da Crimeia, alicerçada no tique imperialista russo, tem servido para avivar a crise de valores na democracia norte-americana, cujo responsável máximo ainda tem a capacidade de invocar o direito internacional sem se desmanchar a rir. E ainda sublinhar como a União Europeia está transformada numa ficção de e para burocratas.