COMBATE ÀS REDES CRIMINOSAS DA IMIGRAÇÃO

A acção da Polícia Judiciária no combate à selvajaria, desmantelando uma rede criminosa que explorava pelo menos 100 imigrantes no Alentejo, é uma boa notícia, mas apenas visou uma gota de água do que se passa em Portugal.

IMIGRANTES DE LAMPEDUSA NA MOURARIA E ODEMIRA?

Tiago Antunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, anunciou que Portugal pode receber algumas pessoas que estão em Lampedusa, tendo já comunicado tal disponibilidade a Itália. É caso para perguntar se o objectivo é colocá-los na Mouraria e em Odemira, pois nesse caso impõe-se avisar os próprios imigrantes do que se passa por cá.

NEM NO TEMPO DA OUTRA SENHORA

A viagem de Marcelo Rebelo de Sousa ao Catar está feita. Percorreu 2.902,29 km para lá ir dizer o óbvio, o que, aliás, já podia ter dito em Odemira, mas não disse, porque nunca quis, desde 2019, perder um par de horas para cumprir uns escassos 216 Km. Tudo num brinquinho: a Federação Portuguesa de Futebol alinhadinha, os jogadores caladinhos e até uma vitória na algibeira.

ALENTEJO (JÁ) NÃO É O CATAR

O presidente não vai a Odemira, mas a PJ vai ao Alentejo, e em tempo útil: «Autoridades detiveram esta quarta-feira 35 suspeitos de envolvimento numa rede de escravatura laboral no Alentejo, no âmbito de uma investigação e 65 buscas».

A ALEGORIA DO ZMAR

«Não é com testes rápidos à covid que o governo poderá dotar as autoridades policiais dos instrumentos e competências necessárias para combater em linha esta criminalidade organizada. Precisamos de autoridades policiais centradas e especializadas nestas tarefas, que cumpram os objetivos principais: o desmantelamento destes gangues, o confisco dos proventos das suas atividades e a proteção efetiva dos denunciantes.  (...) O método eficaz passará ainda por proteger os sectores de risco, partilhar a informação, evitando perseguir as vítimas ou os autores secundários e fiscalizar os empregadores. Porventura o desenvolvimento de um novo código de cooperação policial e o intercâmbio internacional. Talvez deste modo, sejamos capazes de encarar a luz do sol sem cegarmos.

A REALIDADE POR DETRÁS DE ODEMIRA

«Em 2017, a reportagem sobre apanhadores de amêijoa no Tejo, também apanhadores de fruta na Costa Vicentina, veio alertar para o facto de, pelo menos desde 2014, Portugal ter redes de tráfico para exploração laboral e, desde 2007, para exploração sexual. Ainda assim continuamos hoje sem os meios necessários para prevenir e combater este flagelo».

O TRABALHO FORÇADO É UM MODELO DE NEGÓCIO

«O país viu em Odemira como a doença e a exploração se cruzam de forma dramática. Um surto de covid entre trabalhadores migrantes destapou um mundo de abuso laboral, estigmatização de comunidades migrantes e danos ambientais. A atenção que este caso tem hoje deve lembrar-nos a história de um problema antigo».

ODEMIRA, MARCELO E A «COINCIDÊNCIA POSITIVA»

Odemira, que nos envergonha a todos, e que devia merecer a maior seriedade e atenção da parte dos órgãos de soberania: O Chefe de Estado viu como uma «coincidência positiva» a dimensão pública que ganhou o caso de Odemira, ao mesmo tempo que Portugal recebia líderes europeus para a cimeira social.

CIMEIRA DE PALAVRAS REDONDAS

É o grande momento da presidência portuguesa: uma cimeira com muitas palavras e poucas acções. Os restantes 26 membros da União Europeia europeus, alinhando no jogo. agradecem a habilidade de Costa para fazer de conta que tudo vai ficar bem (e está traçado o seu futuro político).

P. S. E a falta que fez a presença física de Narendra Modio, primeiro-ministro indiano, sobretudo em pleno desenvolvimento do caso de Odemira.

ZMAR: E DEPOIS DA HUMILHAÇÃO

«Os proprietários de habitações no complexo turístico Zmar, em Odemira (Beja), defenderam este sábado o fim da requisição civil, na sequência da saída de alguns trabalhadores agrícolas imigrantes daquele espaço para outras residências».

TERCEIROS MUNDOS

«Perante milhares de imigrantesque vivem em condições miseráveis no concelho de Odemira, alguns dos quaisagora infectados com o infame vírus, António Costa mostrou-se indignado comtudo, excepto com a inacção do seu governo para lidar com uma situação há muito tempo conhecida e até denunciada».

ODEMIRA: QUEM PROTEGE A MÁFIA?

Odemira não é só um escândalo social. É um caso de polícia. As redes de tráfico de seres humanos agem em Portugal há demasiado tempo. Além da segurança dos migrantes é preciso saber quem garante protecção a esta máfia instalada, desde o poder político às polícias e empresários.

COSTA, CABRITA, AUTORITARISMO E LEI

A humilhação do governo de António Costa.

TRABALHO ESCRAVO EM PORTUGAL? QUE ODEMIRAÇÃO!

«Como já vem sendo habitual, a inspiração do ministro da Administração Interna levou-o à requisição civil de habitações particulares num empreendimento turístico, para alojar os imigrantes contaminados».

FICAR MAL NA FOTO COM A FOTO DE ODEMIRA

«Às escondidas da noite, dezenas de trabalhadores foram realojados. Hoje, a Europa senta-se à mesa à procura de ações concretas para uma Europa mais social. Para a história, pelo menos, ficará mais uma fotografia».

JORNALISMO DE TOCA-E-FOGE

O caso de Odemira, entre tantos outros, revela que o jornalismo de toca-e-foge não tem futuro. Denunciar a ignomínia e depois deixá-la cair no esquecimento, cedendo às acusações alarves de perseguição dos afins do regime, só serve para afastar a imprensa dos cidadãos.

O QUE NÃO VIRAM EM ODEMIRA?

«O Governo e o Estado parecem ter acordado agora para a grave situação social e de direitos humanos que se vive em Odemira. Afinal, o que é que não viram antes, naquele que é o maior concelho da Península Ibérica, e que estava há vista de todos há uma década?! Este Governo e todos os que o antecederam nos últimos anos, de Sócrates para cá, não viram que crescia em Odemira e Aljezur um atentado contra a dignidade humana, mas também contra este concelho e a sua população».

OS OPORTUNISTAS DE ODEMIRA

«O show off da cerca saiu caro, pois colocou a descoberto uma situação desde há muito conhecida, a dos trabalhadores migrantes daquela zona. E eis que se descobre (ou melhor, que se decide descobrir) que há muitos migrantes sazonais a trabalhar nas quintas daquela zona. E que desses trabalhadores, também muitos deles vivem em condições precárias e quase todos abaixo dos standards europeus».

ESQUERDA, DIREITA, ODEMIRA PELA CALADA DA NOITE

O que se passa em Odemira, e noutros locais, é a prova da falência do Estado resultante da hipocrisia do presidente, governo, autarcas, sindicatos, associações e cidadãos. Os partidos de Esquerda, como os de Direita, deixaram cair os seus valores há muito tempo. E, agora, é o salva-se quem puder. Uns pela calada da noite. Outros com discursos tão certeiros quanto tardios.

A LINHA VERMELHA DA PROPRIEDADE PRIVADA

«Há apenas um ano, o presidente da Câmara de Odemira, eleito pelo PS, garantiu que existiam 500 lugares para quarentena de imigrantes em equipamentos públicos. São palavras bonitas e fáceis de dizer quando esses lugares não são necessários. Quando eles se tornaram necessários, em vez de utilizar os 500 lugares em equipamentos públicos supostamente disponíveis, o Governo decidiu requisitar à força habitações privadas».