MAIS ACTUAL BLOG

Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

domingo, maio 23, 2010

Labirinto de José Sócrates

«Sócrates não antecipa os problemas, reage aos problemas. Não vê as evidências, nega-as. Não comanda, vai a reboque.(...) O problema é que o labirinto de José Sócrates é o nosso. Estamos prisioneiros da ilusão. A realidade está lá fora e é assustadora.»

Luís Marques,in Expresso (via A Roda)

"O mundo mudou" assim tanto em mês e meio?

«Certamente Freud saberá explicar esta tendência para o nosso PM explicar que o que de bom ( ou menos mau ....) acontece se deve à sua bravura, ao seu estoicismo, o seu exemplo, que guia Portugal para rios de leite e mel ( que hão-de chegar...). E que o de mau acontece se deve a um ambiente adverso, à conjuntura internacional, aos especuladores, aos mercados, aos sindicatos, ao PR, às agências de rating, ao senhor Zé da Tasca, ao carteiro que se enganou na morada ... a todos eles que como diz a canção, se uniram (ingratos...) para tramar Sócrates, o Grande Timoneiro».
João Melo, in O Andarilho

Novo recorde de Sócrates

Portugal à beira dos 600 mil desempregados.

sábado, maio 22, 2010

Por outras palavras

«Pode-se encolher os ombros e dizer, como se fosse a coisa mais natural do mundo, "toda a gente sabe que ele mentiu", e depois? Não mentem todos? Pode-se dizer que foi uma tentativa que não passou de uma tentativa que acabou por não se concretizar (não é bem verdade...)? Pode-se dizer que isso são águas passadas e que hoje temos tantas coisa importantes para tratar, que isso é uma distração ou uma vendetta? Pode-se de facto dizer muitas coisas destas, mas esta enorme indiferença de jornalistas e, mais do que de jornalistas, de muita da nossa elite, é o terreno privilegiado da acédia, que depois se transmite como uma doença para todo o lado. É como a corrupção, um mal cuja aceitação social tem mecanismos muito semelhantes».
Vasco Pulido Valente via Portugal dos Pequeninos

sexta-feira, maio 21, 2010

O regresso de Marcelo

O anúncio não surpreendeu. Marcelo Rebelo de Sousa regressa à TVI. É uma boa notícia. A estação volta a estar presente, em termos mediáticos, na primeira linha do panorama do comentário político.

Os carrascos da esquerda

O debate da moção de censura apresentada pelo PCP revelou uma realidade política diferente. Com José Sócrates incapaz de disfarçar o cansaço e a derrota, exposto a críticas nunca vistas – desde irresponsável a mentiroso –, a bancada parlamentar socialista consubstanciou uma transformação assinalável. Não surpreendeu o apoio político da maioria ao governo. O que realmente impressionou foram os termos desse apoio. Os discursos de Afonso Candal e Francisco Assis disseram tudo. Com o partido no bolso pequeno do casaco, José Sócrates só chegou ao actual desplante porque sempre contou com a cobertura ao mais alto nível do PS. O ilusionismo político a que chegámos não seria possível sem a amanuência seguidista e politicamente acéfala das principais referências do aparelho socialista. Quando começa a cheirar cada vez mais a fim de ciclo, importa sublinhar que a desgovernação não é apenas da responsabilidade do primeiro-ministro. Tem de ser partilhada com quem o tem sustentado de uma forma politicamente obscena, a roçar o insulto, o insólito e o ridiculo. A curto prazo, a responsabilidade da inevitável condenação do PS a uma longa cura de oposição não poderá ser suportada apenas por José Sócrates. Tem de ser partilhada com os oportunistas, os aparatchics, a bancada parlamentar e os barões do PS.

Condições políticas

O argumentário em favor de um entendimento entre PS e PSD para promover condições políticas de governação é de um cinismo político ultrajante. Foi precisamente a maioria do PS, alcançada, em 2005, que conduziu o país ao abismo. As eleições de 2009, que deram a maioria relativa ao PS, foi o passo em frente. Não houve falta de condições políticas para governar, lembram-se?

Já batemos no fundo?

A desgovernação é de tal forma evidente que o status quo político passou a ser a crise dentro da crise. A possibilidade da queda do governo é cada vez mais o único sinal de esperança no curto prazo.

quinta-feira, maio 20, 2010

De Mota Amaral ao intelectualmente grotesco

A posição de Mota Amaral, que preside à comissão de inquérito ao negócio PT/TVI, a propósito da recusa de utilização das escutas que estão no processo "Face Oculta", então solicitadas pela própria comissão, é um fermento para o antiparlamentarismo. Ora, é tarde para lágrimas de crocodilo de conveniência. Se a comissão as pediu, então os deputados têm o direito a utilizá-las.
Infelizmente, enquanto a corte do costume protege os seus interesses, nem que seja ao jeito mafioso – Al Capone também gritou que não tinham provas contra ele, enquanto as tentava eliminar ou ocultar –, este tipo de situações intelectualmente grotescas facilitam a confusão entre a instituição da comissão parlamentar de inquérito e o seu funcionamento, em Portugal, pautado por este ou aquele aparatchic.

Proposta (in)decente

A decisão política de esconder o défice já não é segredo de Estado. Hoje, ninguém tem dúvidas que José Sócrates mentiu ao país para poder ganhar as últimas legislativas. A questão é tão óbvia e grave que Abel Mateus, ex-presidente da Autoridade da Concorrência, teve a lucidez de defender a constituição de uma comissão de inquérito para apurar a (in)decência da quase duplicação do défice no espaço de semanas. Obviamente, a corte do costume, que considera que as contas do défice apenas são conhecidas no último dia do exercício, vai varrer o assunto para debaixo do tapete ou do Mundial do futebol. Até será capaz de avançar com os tontos do costume para justificar o inustificável e zurzir nas comissões de inquérito. Aliás, Vítor Constâncio até já está no Banco Central Europeu.

quarta-feira, maio 19, 2010

O verdadeiro repórter

Nani deu uma entrevista à SIC, enquadrada numa espécie de reportagem sobre o dia-a-dia da estrela do Manchester United, a que vulgarmente chamam "24 horas com". O tom imbecilizante do repórter de serviço para este tipo de trabalhos com o jogadores de futebol não surpreendeu. O que mais chocou foi a ausência de uma referência, ou até de uma imagem, a um livro ou até a uma qualquer leitura da vedeta. Porventura, o infotainment rende, tal e qual como as referências à Nintendo Wi-Fi, sabonetes ou bruxos, mas depois ninguém se pode queixar de um povo ignorante e incapaz de distinguir a ficção da realidade, um líder de um mentiroso, uma política de um truque.

O principal problema

A entrevista de José Sócrates foi mais do mesmo. O mesmo discurso delirante, as mesmas perguntas pertinentes sem continuidade consequente em função das respostas. Enfim, foi mais do mesmo quando não há eleições à vista. Ainda assim, valeu a pena: ficou ainda mais claro que a contunuidade da liderança de Sócrates é ainda mais grave do que a crise e o desemprego.

P.S. A decisão de Fernando Ulrich abandonar o sindicato que vai financiar o troço Poceirão-Caia do TGV é inédita e assume contornos políticos. De facto, é uma decisão que ultrapassa a dimensão do vulgar banqueiro.

terça-feira, maio 18, 2010

BP: Desastre esquecido?


Até parece que já estamos habituados aos desastres ecológicos. E que o derrame de petróleo no golfo do México é mais do mesmo e já não é notícia.

segunda-feira, maio 17, 2010

Casamento gay: socialistas de parabéns

É um dia histórico. Por duas razões: José Sócrates cumpriu uma promessa eleitoral; E Portugal transformou-se num país em que o sonho da igualdade de direitos passou a estar mais próximo da realidade com a promulgação do diploma que permite o casamento entre homossexuais.
P.S. Aníbal Cavaco Silva deu o passo que faltava para a reeleição.

domingo, maio 16, 2010

Será Seguro?

É preciso não esquecer que, nas últimas legislativas, nenhum dos 'barões' do PS teve a coragem política de demarcar-se de José Sócrates. Agora, na hora da sucessão, quando António José Seguro, ou outro qualquer, considerar que chegou o momento em que «pode ser útil» provavelmente será tarde. A actual governação está a obrigar a profundas mudanças na consciência política colectiva. O tempo em que as lideranças estavam escritas nas estrelas pode ter acabado.

sábado, maio 15, 2010

Os papa-reformas

Saldanha Sanches, na última crónica publicada no Expresso depois da sua morte, deixa-nos uma reflexão importante: as obras públicas desnecessárias, que acabam por anular o efeito benéfico de qualquer reforma, e os papa-reformas propriamente ditos, que começam a acumular reformas desde tenra idade.

sexta-feira, maio 14, 2010

Saldanha Sanches: uma referência



A inteligência, a simplicidade e o exemplo estiveram sempre presentes nas suas intervenções públicas. A sua última crónica, no caderno de Economia do semanário Expresso, no passado dia 10 de Abril, foi uma das mais brilhantes. Fica o excerto da opinião de quem foi sempre livre até ao fim:
«O PEC é a factura que vamos pagar por anos e anos de saque organizado e contínuo dos recursos públicos, por uma vasta quadrilha pluripartidária que vive de comissões, subornos e tráfico de influências. As derrapagens, sempre as derrapagens...».

quinta-feira, maio 13, 2010

Manuel Alegre: embaraço ou ponderação?

O candidato presidencial lá vai ter que falar outra vez. Mas está a custar, apesar do aumento de impostos ser um tema favorável para mais um par de tiradas patrióticas. De qualquer maneira, todo o cuidado é pouco. Não vá uma palavra fora do sítio fazer adiar ainda mais o anúncio oficial do apoio do PS.

Impostos: Para ver duas ou três vezes

Candidato a Sócrates B?

Nem todos podem ter a queda de Sócrates para o ilusionismo. O truque do pedido de desculpas está tão gasto como a mais velha profissão do mundo. Aliás, assistimos, pela primeira vez, a um líder da oposição que já começou a enganar os eleitores ainda antes de começar a governar. O rídiculo político não tem limites?