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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

quarta-feira, setembro 20, 2006

O exemplo da Hungria

Não há Bloco Central por lá?

Crónicas do Sistema (XI)






A propaganda sobre as qualidades e o curriculum do PGR indigitado não devem diminuir o grau de exigência dos cidadãos e da comunicação social









CARTA ABERTA

Ex.mo Senhor Juiz Conselheiro
Dr. Pinto Monteiro,

Depois do anúncio da sua indigitação para liderar o Ministério Público (MP), dirijo-me directamentamente a V.Ex.ª para lhe lançar três desafios, sob a forma de opinião pessoal:

1º - A declaração formal e solene de que não se vai constituir como uma espécie de Big Brother relativamente ao trabalho de cada um dos magistrados do MP, sem prejuízo de exercer a sua competência de responsabilizar cada um deles por eventuais violações da lei ou flagrante abuso de poder;

2º - A abertura imediata de um procedimento criminal para averiguar a responsabilidade de todas as entidades políticas, administrativas e policiais na ocultação e/ou omissão a propósito da passagam dos voos secretos da CIA pelos aeroportos portugueses;

3º - A abertura imediata de um procedimento criminal para averiguação das motivações políticas e outras do ministro Santos Silva, por flagrante violação da Constituição da República de Portugal, que presidem à apresentação da proposta de lei fascista sobre o estatuto dos jornalistas, em discussão no Parlamento.

Mais informo V. Exª, senhor (futuro) PGR, que um qualquer pacto de regime, ou de qualquer outra natureza, não impedirá que permaneça sentado durante a sua tomada de posse, como compete a qualquer jornalista, o que deverá ser entendido como um sinal de respeito por quem ainda não provou nada, nem está condenado à partida por ser amigo de quem é e/ou por pertencer a qualquer organização secreta, ou melhor, mais ou menos discreta, seja ela qual for.

Com cordiais cumprimentos e saudações jornalísticas,
Rui Costa Pinto
Carteira Profissional Nº 1707

quinta-feira, setembro 14, 2006

domingo, setembro 10, 2006

Sem dúvidas

A forma como Petit, do Benfica, e Cardoso, do Nacional, reagiram a faltas assinaladas por um árbitro têm que ser sancionadas pela justiça desportiva... ou o que resta dela.

sábado, setembro 09, 2006

Recolha de opiniões

A título individual, e sem pactos de regime com amigos de ocasião, convidam-se todos os bloggers a manifestar a sua opinião sobre a passagem dos voos cada vez menos secretos da CIA por Portugal, em solidariedade para com os sequestrados e torturados sem culpa formada.
P.S. Esta iniciativa não se destina a aumentar as visitas deste ou de qualquer outro blog.
P.P.S. São pertinentes comentários sobre as FARC e outros actos terroristas, incluindo os de Estado.
P.P.P.S. Declaraçõs fundamentalistas, do tipo avental ou autoflagelação purificadora, são dispensáveis, mas aceites em nome da liberdade de opinião.

Crónicas do Sistema (X)


José Sócrates admitiu o falhanço na reforma da Justiça, depois de alimentar uma fantástica máquina de propaganda para apregoar as reformas para o sector.


EM BLOCO

Com receio de um balanço, nomeadamente sobre a redução das férias judiciais, o primeiro-ministro, dando o dito por não dito, mais uma vez, avançou pela calada para um pacto de regime.

O apoio de Marques Mendes parece de um aprendiz da política, mas não é. O líder do PSD é capaz de engolir tudo para chegar a primeiro-ministro. Até Cavaco Silva, que aposta num socialista para liderar o governo durante a crise económica e das finanças públicas. Aparentemente, o Presidente da República considera essencial que a esquerda governe em tempo de vacas magras, de forma a amortecer a contestação popular. Até ao momento em que o seu delfim esteja em condições para surgir numa bela manhã aquecida por um sol forte e radioso.

Marques Mendes não tem escolha. Ou joga o jogo do faz-de-conta, para manter uma hipótese ainda que remota, ou fica condenado a ter que enfrentar uma oposição interna insuflada, discretamente, pelo Chefe de Estado.

José Sócrates ganha com a assinatura do pacto para a Justiça. Mas o país também pode ganhar, ainda que tenha de sofrer na pela as consequências. O calculismo político do líder do PS pode resultar numa clarificação benéfica, pois torna mais evidente a responsabilidade do Bloco Central na crise do pais e da justiça.

Alguém acredita que este acordo, negociado na sombra dos corredores do poder, à revelia da Assembleia da República, entre os dois principais partidos responsávis pela actual crise, é para levar a sério?

quinta-feira, setembro 07, 2006

Semelhanças

José Sócrates há mais de um ano venceu as eleições com a promessa de que não faria pactos. Entre outras, hoje constata-se que não cumpriu. O primeiro-ministro deixou escapar um pacto de regime, seja lá o que isso for, com o PSD para a Justiça, ou melhor, para a escolha do próximo PGR.
Ontem, George W. Bush reconheceu a existência de voos e de prisões secretas da CIA fora dos EUA. Há cerca de um ano desmentiu exactamente o mesmo, depois da notícia do Washington Post.
São dois exemplos do funcionamento da democracia, perante uma comunicação social que anda tão entretida (será?) com a voragem noticiosa, salvos raras excepções, que já nem consegue reflectir e espelhar a realidade.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Crónicas do Sistema (IX)




George W. Bush fez uma declaração política em que reconheceu os voos e as prisões secretas da CIA fora dos EUA




EM ÓRBITA

Está ao nível de um qualquer criminoso e ditador. O presidente, confortado pela força do dólar e da sua fabulosa indústria de armamento, que, aliás, armou alguns dos terroristas que agora persegue, decretou uma nova doutrina: os norte-americanos podem sequestrar, transferir, prender e torturar em nome da segurança.

É uma argumentação que não fica um milímetro aquém da dos criminosos de esquerda e de direita que ainda subsistem no poder por esse mundo fora. E que passaram a ter uma nova cobertura política para continuar a manter-se no poder à custa da violação dos Direitos Humanos.

É mais simples falar de Fidel Castro, Kim Il Sung e da visita de colombianos das FARC à festa do Avante, entre outros, do que questionar o comportamento ilegal da CIA ou de qualquer outro serviço secreto no espaço europeu. Mas é uma desonestidade intelectual. A questão não reside na nacionalidade de quem usa e abusa da força, mas sim na capacidade de rejeitar quem se comporta como um gangster para liquidar outros gangsters. A simples defesa da soberania e dos valores da civilização ocidental deviam ser suficientes para ultrapassar as fronteiras das polémicas partidárias.

Hoje, já não estão em causa os trânsitos dos aviões da CIA em Portugal, como reconheceu Vera Jardim. O que importa saber é se António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates sabiam da passagem destes voos por Portugal. E mais: Houve suspeitos de actos terroristas detidos ilegalmente que permaneceram e foram interrogados em território ou águas territoriais portuguesas?

Um hino à LEI DA ROLHA

Luís Amado foi ao Parlamento para não dizer nada sobre os voos secretos da CIA, mas garante que continua a colaborar com os Parlamentos português e europeu.

Ainda mais secreto

A audição parlamentar de Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre os voos secretos da CIA, está a decorrer neste preciso momento à porta fechada, a pedido do próprio. É a concepção da LEI DA ROLHA na vida política em todo o seu esplendor, que se pretende confundir com responsabilidade, muita responsabilidade, certamente, mas que não passa de mais um triste e perigoso episódio da democracia portuguesa.

terça-feira, setembro 05, 2006

O verdadeiro serviço público

O espectáculo de ontem na RTP, com os artistas convidados do futebol, Laurentino Dias, José Luís Arnaut, Gilberto Madaíl e Valentim Loureiro, liderado pela cada vez mais inefável Fátima Campos Ferreira, já justificou a indemnização compensatória que o Estado atribuiu à estação pública. Quem viu e ouviu os líderes políticos e desportivos, sobre o caso Mateus, ficou a perceber o estado a que chegaram o futebol e o país. Infelizmente, não consegui resistir a ver o programa até ao fim. Era conversa fiada a mais. E um triste retrato de como funcionam as instituições desportivas, com a cobertura e a passividade dos sucessivos governos de direita e de esquerda.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Uma voz independente

Rui Santos, no programa Hora Extra da Sic Notícias, começa ser um exemplo para muitos comentadores e analistas. Fala do que sabe e revela uma independência e uma autonomia exemplares. No último comentário sobre o caso Mateus, Rui Santos coloca o dedo na ferida: o problema original do contrato de trabalho do jogador angolano que foi validado pela Federação liderada pelo inefável ex-deputado do PSD, Gilberto Madaíl.

domingo, setembro 03, 2006

Crónicas do Sistema (VIII)


Face a uma maioria cada vez mais autista, em que o chefe do governo acumula a liderança do partido, as manifestaçóes de rua ainda são o espaço possível para fazer oposição




O regresso da militância

O chefe do governo já não consegue apanhar um único português desprevenido. O perfil, o estilo e a acção de José Sócrates são cada vez mais evidentes.

Tal como nas ditaduras, disfarçadas de regimes democráticos, de Cuba a África, sem esquecer a Rússia, José Sócrates entende que a liderança do aparelho do maior partido deve ser acumulada com a chefia do governo.

Não é uma surpresa, mas é a confirmação de mais um sinal preocupante.

Depois de ter obtido a maioria absoluta e de ter remodelado os principais organismos de controlo, numa das mais descaradas acções governamentais, a escandalosa saga dos números do desemprego, em que duas instituições públicas se afundam no descrédito, é apenas mais num exemplo da saúde da democracia portuguesa.

Não é de espantar o regresso das marchas de protesto organizadas pelo Bloco de Esquerda ou, na versão mais conservadora, a divulgação de manifestos, como o que apresentou Manuel Monteiro para a direita.

Esmagada pela maioria absoluta, a verdadeira oposição apenas pode contar com a militância política para fazer ouvir a sua voz.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Triste

A notícia do Público dá conta do fim do semanário O Independente. É mais um sinal dos tempos.

Esclarecedor

A agitação em torno da mudança do Procurador-Geral da República diz tudo em relação aos governantes e à Justiça que temos. Uma simples nomeação, que deveria ser pacífica e inequívoca se o mérito fosse o critério mais relevante, transformou-se numa feira de vaidades e de interesses opacos, em que as partes mais ou menos (des)interessadas se atropelam para entrar na fila dos auscultados pelo poder governamental e presidencial.

Ainda há memória

Aqui

domingo, agosto 27, 2006

Crónicas do Sistema (VII)



O caso Mateus é uma conquista dos clubes pequenos do futebol português e pode ser uma vitória do Estado de Direito



VIA ESTREITA

Algo está a mudar no mundo opaco, lamacento e rasca do futebol português. O caso Mateus, não o do totonegócio mas o do jogador que chegou a ser porteiro para jogar à bola, com a chancela das autoridades desportivas, ainda que provisória, revelou até que ponto chegou a podridão do futebol português.

Hoje, um pequeno clube como o Gil Vicente pode bater o pé ao sistema cada vez mais pestilento do desporto-rei. Apoiado por uma gabinete de juristas sem nomes sonantes, o clube de Barcelos tem o mérito, para já, de não se calar e de se bater por aquilo a que julga ter direito.

O caso Mateus é muito mais do que um caso complexo do futebol português. É mais um alerta para acabar com uma espéçie de ditadura inaceitável da Liga e da Federação de Futebol Português, sob a batuta da FIFA, uma associação internacional que se rege essencialmente pela cor do dinheiro. Tal como aconteceu com a FIA, a poderosa federação do desporto automóvel, nomeadamente da Fórmula Um, chegou a vez da União Europeia tentar travar mais uma organização que também se julga a cima do Estado de Direito.

O futebol é uma indústria milionária e poderosa, mas não pode permanecer à margem da Lei.

Um cidadão, uma empresa ou um clube de futebol quando se sentem injustiçados têm o direito inalienável de poder recorrer ao único órgão de soberania que as democracias reconhecem para dirimir conflitos: os tribunais.

Ao desporto o que é do desporto, à Justiça o que é da Justiça.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Decisão histórica

O Governo aprovou a criação de salas de injecção assistida (“salas de chuto”). José Sócrates está de parabéns. Revelou coerência com uma ideia que defende há mais de dez anos.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Pergunta

Qual é a diferença entre a aposentação compulsiva na administração pública e a reforma compulsiva na polícia?

Um caso estranho



O afastamento de Carlos de Sousa da Câmara de Setúbal não pode ser visto unicamente à luz das tácticas mais ou menos incompreensíveis do Partido Comunista Português. Nem tão pouco em função do relatório-que existe-mas-ainda-não-existe do IGAT, que mais ou menos desastradamente alguém ao mais alto nível deu a conhecer à comunicação social. A saída de Carlos de Sousa tem de ter uma explicação política e racional: o que fez, estava a preparar ou deixou de fazer o eleito para a Câmara de Setúbal para justificar uma santa aliança entre comunistas e o governo?

Palavras para quê

São artistas portugueses.

terça-feira, agosto 22, 2006

Grande noite


A festa foi extraordinária.
O Sporting tornou o Inter de Milão uma equipa banal, apesar dos grandes talentos que tem à sua disposição. Faltou um golo para festejar, mas ficou mais uma grande exibição.

Relevante ou irrelevante?

João Figueiredo, secretário de Estado da Administração Pública, dois dias depois de ter sido conhecido que o governo pretende liquidar a transparência na Administração Central, que tanto apregoa, com mais ou menos Simplex, vem agora a público prometer para 2007 publicar todas as contratações do Estado. Não fora a maioria absoluta de José Sócrates, João Figueiredo já estaria fora do governo há mais de 24 horas. E com toda a razão.

Ainda há esperança

A Câmara Municipal de Coimbra aprovou uma postura municipal que visa impedir a circulação de resíduos industriais perigosos para a co-incineração na cimenteira de Souselas.

domingo, agosto 20, 2006

Crónicas do Sistema (VI)


O governo de José Sócrates deu mais um passo no sentido de um ataque sem precedentes à transparência na Administração Central





O rolha

“Os eleitores vão deixar de saber quem é que o Governo contrata para a Administração Pública. O Executivo decidiu não voltar a divulgar estes dados em Diário da República”
Foi assim que Fernanda de Oliveira Ribeiro deu a notícia no Jornal da Noite, da SIC.

Depois de ter tornado gratuito o acesso electrónico ao Diário da República, e muito bem, o governo de José Sócrates aproveita um despacho de um anterior o governo para reforçar a Lei da Rolha.

A confirmar-se esta intenção governamental, os portugueses deixam de poder saber quais são as contratações na Administração Central, em alguns casos levadas a cabo a coberto de insondáveis interesses partidários e outros.

O mais curioso, para não dizer sinistro, é que a ofensiva parte do gabinete de um dos secretários de Estado do ministro das Finanças, Texeira dos Santos, um dos próximos de António Costa, ministro da Administração Interna, que substitui actualmente o primeiro-ministro em gozo de férias.

A gravidade do gesto governamental não pode escapar ao Presidente da República, Cavaco Silva.

Sem reacção?

Jorge Ferreira chama a atenção para um artigo de Eduardo Cintra Torres sobre a interferência do governo na RTP.

sábado, agosto 19, 2006

Cada vez mais claro



O cinismo do último comentário do presidente da República, Cavaco Silva, sobre a passagem de um avião israelita pela base das Lages com “Material bélico não ofensivo” e o envio de forças portuguesas para o Médio Oriente, é um apelo às piores memórias do primeiro-ministro, Cavaco Silva.

sexta-feira, agosto 18, 2006

A vitória de Israel

Ao acordar um cessar-fogo imediato, negociado através da ONU, Israel ganhou. Em primeiro lugar porque baixou as armas e parou com o assassinato de inocentes. Sempre que Israel optou pelo caminho das armas, - após a Cimeira Árabe de 2002, a Intifada e o rapto de soldados pelo Hezbollah -, perdeu. Perdeu credibilidade, simpatia em termos de opinião pública mundial e o controlo dos grupos fundamentalistas islâmicos. Sempre que se limitou a defender o seu território – Guerra dos Seis Dias, em 1967, e Yom Kippur, 1973, - ganhou. Ganhou compreensão e aliados.
As democracias têm de se distinguir da barbárie, dos falcões e dos intelectuais que estão sempre disponíveis para justificar o poder, mesmo quando o criticam. Hoje, quem faz a guerra pela guerra já não vence.

Outra vez


Enquanto os portugueses apertam o cinto, as contas públicas não dão sinais de melhorias. A declaração oficial é que está tudo bem: ”Está na margem de segurança“. Até parece mais um comentário do tipo ”Material bélico não ofensivo“, que entrou para a história do anedotário diplomático. Fica a dúvida: é mais um brincadeira de mau gosto?

Recomendação

Pergunta do dia

Com Lápis de Cor.

quarta-feira, agosto 16, 2006

A falência da democracia

O sequestro de Guilherme Portanova e de Alexandre Coelho Calado, da Rede Globo, ou até o assassinato de um jovem português na praia de Copacabana, são apenas mais dois sinais de que o Brasil está gravemente doente.

O surgimento de uma espécie de movimento justicialista, que denuncia as condições infra-humanas em que vivem os presos, é a cereja em cima do bolo de uma democracia cada vez mais formal, liderada por Lula da Silva. Curiosamente, as vozes de indignação, cá e lá, que se levantam contra os métodos terroristas do PCC (Primeiro Comando da Capital) são as mesmas que convivem tranquilamente com a desigualdade obscena que se vive no Brasil. Não é por acaso que o presidente da nova esquerda, que não conseguiu mudar nada no essencial, continua à frente nas sondagens para a reeleição. O Brasil é assim, mas podia ser outra coisa. Mais desenvolvido, seguro, equitativo e justo, não fora a enorme teia de corrupção que envolve o Estado e a sociedade.

domingo, agosto 13, 2006

Crónicas do Sistema (V)



Israel e o Hezbollah comprometeram-se a um cessar-fogo a partir das seis horas da manhã, mas aproveitam cada minuto que resta para continuar os bombardeamentos


ATÉ AO ÚLTIMO MINUTO


Os falcões devem estar tristes. De um lado e do outro. Os fundamentalistas islâmicos, que querem arrasar Israel do mapa, vão ter que parar com os ataques. Os fundamentalistas judeus, que sonham com o Grande Israel, têm de se conformar com a evidência: ainda não foi desta vez que conseguiram exterminar os seus inimigos.

Mais uma vez, a lógica da guerra acabou por se impor, custando a vida a centenas de vidas de ambos os lados do conflito. Trinta dias depois, a paz prometida voltou a ser mais forte, apesar de uma comunidade internacional cada vez mais refém dos lobbies da defesa e do armamento.

O cessar-fogo está acordado. Faltam poucas horas para verificar se ambas as partes são capazes de cumprir a sua palavra. Entretanto, as notícias sobre mais ataques do exército israelita continuam. Como se tratasse de uma última fúria irracional e obscena.

A partir das seis horas da próxima madrugada, as armas devem calar-se para dar mais uma oportunidade à paz. Quase seis décadas depois, o Médio Oriente ainda continua a ter direito a sonhar com a paz, sejam quais forem os falcões de um lado e de outro. Por muitas vidas que ainda possam tirar, eles estão condenados a ser os criminosos e os derrotados da História.

Os velhos tiques

Os fogos começam a apertar e o bloqueio informativo também. É uma velha táctica conhecida dos jornalistas. A censura tem muitas caras. Mas as florestas ardidas, a perda de bens e as vítimas não desaparecem por decreto. Estão aí. E o governo terá de responder democraticamente mais tarde ou mais cedo por mais um verão marcado pela tragédia.

O país a arder

Florestas e povoações ameaçadas em Sever de Vouga e Oliveira de Frades.

Memorável

Cerca de cinquenta mil pessoas cantaram e dançaram com Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood. Um concerto fantástico dos Rolling Stones que teve tudo ou melhor quase tudo. Só faltou Angie.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Faltam 24 horas


O maior palco alguma vez montado em Portugal vai receber os Rolling Stones. Vão ser 60 metros de largura e 25 de altura para instalar os reis do rock no Estádio do Dragão, no Porto. A Bigger Bang, iniciada o ano passado nos EUA, chega a Portugal para mais um expectáculo de duas horas.

quinta-feira, agosto 10, 2006

“Nous, Juifs contre les frappes d'Israel”

Um texto publicado no Libération. Para pensar e fazer pensar.

Ver para crer

Interpol pede ao Reino Unido que partilhe informações sobre planos terroristas. É preciso saber, logo que possível, quem são os detidos e os planos desmantelados do eventual ataque terrorista. Guantánamo e os voos secretos e as prisões ilegais da CIA não são soluções democraticamente aceitáveis. Nem se podem repetir.

A ler

Voltou o belicismo
Rogério Fernandes Ferreira

Um passo

Carmona Rodrigues embargou o condomínio da avenida Infante Santo. É um gesto no sentido certo ou uma forma de tentar remediar o irremediável?

Um mundo feio






O caos nos aeroportos de Inglaterra é a consequência imediata da descoberta de mais um eventual ataque terrorista.

Chama(va)-se Operação Furacão

Helena Garrido, no DN, assina um editorial em que afirma: “Sem a colaboração da banca os Estados serão incapazes de combater o terrorismo.” É uma afirmação interessante, sobretudo para aqueles que julgam que a força das armas pode e esmaga tudo, que remete para a problemática da lavagem de dinheiro. É uma afirmação ainda mais interessante porque ainda há poucos meses se tomou conhecimento de uma grande investigação à banca portuguesa (BCP,BES, BPN e Finibanco) por suspeita de branqueamento de capitais. O que resta da Operação Furacão? Será que se vai saber em tempo útil qual foi o seu resultado?

quarta-feira, agosto 09, 2006

Fim


A polémica a propósito das negociações entre o Estado e o empresário José Berardo está terminada. Os estatutos estão à disposição de todos. Agora só falta abrir as portas da exposição que vai ficar no CCB. E aguardar pela inauguração, que deverá contar, certamente, com a presença de Sua Excelência o Presidente da República, Cavaco Silva, que promulgou o diploma, mas manifestou dúvidas acerca do seu conteúdo.

Protesto



É muito sério.
Muito sério mesmo.

Vai uma passa?

Com direito a justificação da Comissão Europeia.

Regra (in) variável

Do Vizinho.

Não há dúvidas

Chama-se Co Adriaanse: Não é um treinador português.

À espera do


Israel solicitou a aterragem de um avião nos Açores com ”material bélico não ofensivo“. Além da divertida expressão para caracterizar o material de guerra transportado, ficam duas perguntas por responder:

1. Se Freitas do Amaral fosse Ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal teria autorizado a aterragem do avião, colocando-se ao lado de um dos beligerantes do conflito do Médio Oriente?
2. Um carregamento de caixotes com aviões F16, que vão custar mais uma fortuna a actualizar, será a recompensa esperada pelo gesto tão friendly?

terça-feira, agosto 08, 2006

segunda-feira, agosto 07, 2006

Mil palavras













(via Abrangente)

Uma estrela em ascenção


Pedro Figueiredo, uma promessa do golf que é cada vez mais uma certeza.

O milagre em curso

A onda de calor já começou a fazer estragos. Quem viajou na A1, ontem, sentiu os efeitos da onda de calor. Resta saber se há menos fogos devido à prevenção e ao combate mais célere ou se a área queimada nos anos anteriores foi tão grande que já não resta muito mais para arder. Para já, a única certeza é o desaparecimento dos fogos da agenda mediática a meio da época mais quente do ano.

domingo, agosto 06, 2006

Crónicas do Sistema (IV)



A opinião pública ganhou expressão e importância nos últimos cinquenta anos, mas o poder político continua a ignorá-la nas questões da guerra


VERGONHA


A opinião pública mundial manifesta-se pelos mais diversos meios contra mais uma guerra no Médio Oriente. Em Portugal, acontece o mesmo e as sondagens são claras: a maioria quer um cessar-fogo imediato.

Vinte e quatro dias depois do início das hostilidades, o concerto das Nações começou a discutir um cessar-fogo. Ao mesmo tempo, em Gaza, no Líbano e em Israel, os bombardeamentos intensificavam-se. Os especialistas dizem que ritmo das negociações diplomáticas tem de ser mais lento do que as estratégias de guerra.

Não é a primeira vez que os Estados contrariam a vontade dos seus cidadãos, em nome de uma série de clichés mais ou menos gastos. Basta recordar o Vietnam e as gigantescas manifestações contra os presidentes Nixon e Ford para compreender que a expressão da opinião pública esbarrou nas nomenclaturas militares, mas acabou por determinar o fim daquela guerra.

No século XXI, o desfasamento temporal entre as manifestações pacifistas em todo o mundo e o termo das guerras ainda continua a ser insuportavelmente longo. Felizmente, o dia-a-dia dos conflitos, explorados mediaticamente até à exaustão, liquidam qualquer liderança. O poder político pode não revelar vergonha do espectáculo da morte provocado pelos conflitos militares, mas tende gradualmente a ser cada vez mais sensível à opinião pública e aos votos no dia das eleições.

sexta-feira, agosto 04, 2006

As novas práticas

O governo dispensou a cimenteira do Outão da avaliação de impacte ambiental para a queima de resíduos perigosos, através de um despacho assinado pelo ministro do Ambiente. Nunes Correia é assim, aproveita o mês de Agosto para os casos mais sensíveis. Curiosamente, Sua Excelência esqueceu-se de avisar a comissão local de acompanhamento do processo em curso na Secil. Felizmente, há quem não se distraia com o sol e a praia. O DN deu notícia e a Quercus já reagiu. Não se admirem se o governo vier a terreiro acusar os ambientalistas de fundamentalismo, falta de flexibilidade e mau feitio. Então, criticar o governo logo no pico do Verão? Não se faz! Aliás, daqui a uma semana já ninguém se lembra do assunto, não é?

quarta-feira, agosto 02, 2006

Excelência

Mário Crespo, na SIC Notícias, voltou a mostrar como se faz jornalismo. E como se rompem paredes de silêncio inexplicáveis. Ao convidar José Sá Fernandes, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, para o Jornal das Nove, o Jornalista recordou o problema do empreendimento da avenida Infante Santo, em Lisboa. Depois de tudo o que se passou e disse, a obra continua a decorrer tranquilamente. E por mais espanto que possa gerar a atitude incompreensível de Carmona Rodrigues (para já é o mínimo que se pode dizer), Mário Crespo pergunta: viu, hoje, nos jornais alguma referência ao problema?
Até quando é possível ignorar o relatório e a recomendação do Provedor de Justiça, que continua a fazer o que compete ao Ministério Público? E, já agora, o que é feito das participaçöes que o vereador, entre outros, enviou para o MP e para o tribunal administrativo? E o que resta da tentativa de suborno do vereador? E o que anda a fazer o IGAT? Será que viu a SIC Notícias? Quanto maior for o silêncio, mais vezes se têm de fazer as mesmas perguntas. Pelos meios e formas possíveis.

A diferença

“Para aqueles que pedem uma mudança democrática, esta notícia [doença de Fidel Castro] oferece-nos alguma esperança. Sou católica e não desejo a morte de ninguém, muito menos a deste ancião que deve estar debilitado, mas é uma esperança política que se abre, uma perspectiva de mudança“
Marta Roque, líder da Associação para Promover a Sociedade Civil e do ilegal Instituto Cubano de Economistas Independentes

O mesmo ódio


O internamento de Fidel Castro por razões de saúde gerou uma onda de euforia em Miami. As televisões chegaram a passar imagens de um cubano exilado nos Estados Unidos da América que manifestava o desejo do assassínio do líder cubano com uma bala na cabeça.
A mensagem que chega de um país rico e civilizado remete para outras imagens que chegam do outro lado do planeta, pobre e fundamentalista, em que elementos de movimentos terroristas rejubilam após um ataque ou um atentado suicida que provoca a morte de civis e inocentes.

terça-feira, agosto 01, 2006

Evidências e dúvidas

Luís Nobre Guedes safou-se dos sobreiros. Vamos lá ver se os sobreiros também se safam.

segunda-feira, julho 31, 2006

Obrigado, Alberto João

Todos os anos, no verão, se renova a nossa convicção de que ainda vivemos num país com liberdade de opinião. É o maior contributo positivo que chega da Madeira: chama-se Festa do Chão de Lagoa. Mesmo que seja para dizer as maiores alarvidades.

domingo, julho 30, 2006

Crónicas do Sistema (III)



A situação que se vive na Câmara de Lisboa mais parece um grande charco onde cabem todos: políticos, construtores e promotores imobiliários.



BASTA, SENHOR PRESIDENTE

A recomendação da Provedoria de Justiça sobre um empreendimento na avenida Infante Santo, em Lisboa, é arrasadora para Carmona Rodrigues, presidente da Câmara de Lisboa.

Nos últimos meses, a gestão do autarca tem sido sistematicamente posta em causa por inicativas de vereadores da oposição, algumas das quais já deram origem a participações criminais e queixas administrativas. A principal câmara do país não pode viver na iminência da perda de mandato do seu presidente. Há limites para o combate político, mas também há limites para a suspeita de corrupção, favorecimento e abuso de poder que está a enlamear a Câmara de Lisboa.

As autoridades judiciárias não podem fazer de conta que não se está a passar nada. E têm de colocar um ponto final na lógica do facto consumado que tem alimentado todas as negociatas urbanísticas e imobiliárias por esse país fora. Viola-se a lei, arranca-se com o empreendimento e depois, passados alguns anos, as autarquias e o Estado já não têm dinheiro para fazer marcha-atrás, concedendo um prémio a todo o tipo de diatribes impensáveis.

A iniciativa parlamentar de João Cravinho, deputado do PS, que apresentou uma série de medidas para combater a corrupção, não deve ser suficiente para apaziguar as consciências dos governantes e da oposição. É tempo de acabar com esta impunidade.

sexta-feira, julho 28, 2006

Sim, mas

O novo estilo de promulgação presidencial.

Surrealista




O DN revela hoje o mais recente projecto de António Capucho: o Hotel da Luz.




A justificações são hilariantes:

” Em 2007, deverá ser lançado o novo projecto, que conta com uma nova área de comércio, uma nova área náutica e, principalmente, com uma unidade hoteleira de 100 metros e 30 pisos, o Hotel da Luz, que vai ser a âncora do projecto, como o farol de Alexandria, ou a Torre Eiffel da Paris de 1900
Pedro Garcia, administrador da Marcascais, responsável pelo empreendimento

” Arquitectonicamente é um projecto interessante e vai poder requalificar o comércio e permitir a construção de um hotel que será um ícone, uma escultura, com cerca de 200 quartos e que não interfere com a paisagem “
António Capucho, presidente da Câmara de Cascais

Nunca tal se tinha escutado nos últimos anos

“Parto para me salvar dos malefícios que Portugal me estava a fazer”.
Maria João Pires, pianista abandona projecto de Belgais e vai para o Brasil.

A primeira derrota

O acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, que julgou improcedente o recurso interposto pelos juízes sobre as férias judiciais, que o governo decretou passarem a ser durante o més de Agosto, tem uma mensagem clara:
a alteração poderá não contribuir para resolver os atrasos processuais.

Adivinha

Quem é o treinador que se arrisca a ficar com o recorde de menos permanência como treinador do Benfica?

quarta-feira, julho 26, 2006

Inspirado

Jorge Ferreira, cada vez mais actual, revela a decisão da Relação de Lisboa sobre o caso do Envelope 9. Para já, os jornalistas do 24 Horas estão de parabéns. Souto Moura volta a sair derrotado.

Demolidor

Os da ONU, na versão anti-semita ou pré-anti-semita? Um post para ler no French Kissin.

Quando as instituições funcionam

A Provedoria de Justiça, calmamente, sem alaridos, continua a ser um dos melhores exemplos do funcionamento do Estado de Direito. Um exemplo para muitos. Nascimento Rodrigues conseguiu reunir uma equipa e com os meios à sua disposição constitui uma referência da Democracia.

Dicionário do assédio

Nos Actos Irreflectidos.

Relevante (II)

Uma curta passagem pelo Clube de Jornalistas leva-me a perguntar, mais uma vez : o procedimento instaurado é para levar a sério?

Princípios

A captura de um só soldado justifica uma intervenção militar total, de acordo com a doutrina de Israel. O assassínio de um só civil e inocente estabelece a fronteira a partir da qual se pode falar em terrorismo. A morte de quatro observadores da ONU, no Líbano, é um ignóbil acto criminoso, em termos da lei internacional, que não pode ficar impune em termos de opinião pública.
Há princípios que não são variáveis consoante as guerras, os intervenientes, as raças e as religiões.

A magia na capital

Começou o primeiro festival mundial de magia de rua, em pleno centro, que faz rir e sonhar os lisboetas e os turistas, com a chancela de Luís de Matos. Pena que esta magia não possa explicar tudo o que se passa em Lisboa.

terça-feira, julho 25, 2006

Fiquei a saber agora

A notícia da reforma de Manuel Alegre, avançada hoje (25) como exclusivo do Correio da Manhã, já fora divulgada há 4 dias atrás.

O caso Alegre é triste


Em causa está uma reforma de 3.219,95 euros mensais.
O Correio da Manhã deu a notícia: Alegre reformado da rádio portuguesa. Depois da surpresa geral, seguiu-se a indignação. A passagem do socialista pela RDP (coordenador de programas de texto), era desconhecida e não constava da sua biografia oficial.
No fim do dia, fica o desmentido vigoroso do deputado do PS, a certeza de uma legislação confusa, a vaga sensação que as pessoas já confundem reformas com roubos e a inexplicada manutenção de Alegre na RDP. Por que será?

Mais uma

O Governo vai propor um debate parlamentar sobre a situação do Médio Oriente, segundo a agência Lusa. Afinal, não é preciso criar mais um incidente para retomar a liderança da agenda mediática.

Os mais procurados do Blogspot

Um sistema do Linux (Ubuntu) é o assunto mais pesquisado. Segue-se imediatamente a seguir o MySpace, em que os membros criam a sua própria comunidade de amigos. Em terceiro lugar, está a procura de informação sobre o Líbano. A Miss Universo é o quarto tema mais pesquisado. Certamente, a Miss Porto Rico, Zuleyka Rivera Mendoza, que venceu o concurso na noite de domingo, agradou aos cibernautas.
Os mais procurados são:
Ubuntu
Myspace
Lebanon
Zune
Miss Universe
Harold Reynolds
Israel
Myspace Down
Youtube
Linux
Video
Oscon
Macbook
Apple
Melanie Martine

O que mais se escreve no Blogspot

As palavras-chaves do dia:
Lebanon
Bush
Technorati
Hezbollah
Iran
Microsoft
War
Middle East
Iraq
Sex
Youtube
Terrorism
Syria
Web-20
O mundo está pregado no conflito do Médio Oriente. Não é preciso dizer mais nada. Aumenta a preocupação com o que se passa e continua a passar impune e escandalosamente.

segunda-feira, julho 24, 2006

Um passo

Alvo de crítica pela tímida reacção aos acontecimentos no Médio Oriente, o governo de José Sócrates tomou a iniciativa de pedir à presidência finlandesa da União Europeia uma reunião extraordinária dos chefes da diplomacia dos 25 para debater a escalada do conflito. Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, entra com o pé direito no Palácio das Necessidades.

Maniqueísmo

Eduardo Pitta, no blog Da Literatura tem razão quando escreve que o ódio ao Estado tem raízes antigas. Basta ler Bertrand Jouvenel, em Du Pouvoir, para compreender uma parte desse ódio. Todavia, confundir as raízes da rejeição do Monstro com o anti-semitismo não tem qualquer justificação. Quem critica o imperialismo, seja norte-americano ou soviético, deve adoptar igual posição em relação ao expansionismo sionista.
No século XXI, não há terroristas bons e maus. O terrorismo fundamentalista é tão assassino como o terrorismo de Estado, sobretudo quando está em causa a morte de civis e inocentes. É uma questão de honestidade intelectual. Coisas colaterais, pois sim, mas insuportáveis e sempre desproporcionadas, obviamente, venham elas de onde vierem. Quantos anos ainda serão precisos passar para se poder criticar o Estado de Israel sem ser acusado de anti-semitismo?

domingo, julho 23, 2006

Crónicas do Sistema (II)


O silenciamento dos críticos e a asfixia da sociedade civil são velhas práticas conhecidas dos portugueses, que indignaram durante o fascismo e metem nojo em democracia.



CHEIRA A PASSADO

O clima de acerto de contas está a empestar cada vez mais a democracia. Magistrados, jornalistas, polícias, médicos, agricultores e sindicalistas, entre outros, têm sido alvos prioritários da maioria instalada no poder. Já tínhamos assistido à perseguição de dois dirigentes do PCP por terem participado numa manifestação à porta de São Bento. Mas o que se passou com os dois agentes da PSP é demais.

A reforma compulsiva de António Ramos e António Cartaxo, com funções de liderança na respectiva associação sindical, cheira a represália por terem tido a ousadia de criticar e afrontar quem julga que tudo pode.

O que está em causa? Duas declarações prestadas à comunicação social:
”Se o anterior primeiro-ministro [Durão Barroso] foi para Bruxelas, mas depressa este [José Sócrates] vai para o Quénia“
”O Director nacional [Mário Morgado] não interessa nem para mandar nos escuteiros “

Então, agora, já nem se pode criticar o poder político? Por mais mau gosto que possam encerrar as duas declarações, entre outras, - como se isso fosse motivo para os passar à reforma compulsiva -, o poder político devia revelar mais tolerância em relação à reivindicação e à crítica.

José Sócrates e os seus ajudantes, mesmo aqueles que nunca estiveram com ele e apenas aguardam um deslize do primeiro-ministro para lhe cair em cima, deviam ter mais respeito pela sociedade civil e por quem desempenha funções nobres em democracia. Num primeiro momento, o ataque desproporcionado aos sindicatos pode ser pagador em termos de opinião pública, mas a médio prazo o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro.

Por mais importante ou irrelevante que possa ser para uns e para outros, o castigo dos dois agentes da PSP é um sinal de autoritarismo que cheira a passado. A lei do mais forte é um caminho possível. Mas os portugueses já deram provas que não se deixam intimidar facilmente. Mais tarde ou mais cedo, não haverá incidentes suficientes para desviar a atenção dos portugueses do essencial: as promessas eleitorais de José Sócrates e os resultados da sua governação.

sábado, julho 22, 2006

Com ou sem conquilhas

“Como esquecer aquele texto de Camus, publicado logo depois de Hiroshima, a lembrar que nos tornamos iguais aos bárbaros quando nos comportamos como eles?”

A maioria absoluta foi para isto?


O governo pode correr com o líder da associação sindical da PSP, António Ramos, entre outras vozes incómodas na polícia. Até se pode admitir que os sindicalistas usaram e abusaram do seu estatuto. Mas uma coisa é certa: José Sócrates, António Costa e José Magalhães arriscam-se a ficar na história com os autores da maior machadada na liberdade sindical de que há memória em Portugal. Será que Cavaco Silva vai interromper as férias?

sexta-feira, julho 21, 2006