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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

sábado, setembro 09, 2006

Crónicas do Sistema (X)


José Sócrates admitiu o falhanço na reforma da Justiça, depois de alimentar uma fantástica máquina de propaganda para apregoar as reformas para o sector.


EM BLOCO

Com receio de um balanço, nomeadamente sobre a redução das férias judiciais, o primeiro-ministro, dando o dito por não dito, mais uma vez, avançou pela calada para um pacto de regime.

O apoio de Marques Mendes parece de um aprendiz da política, mas não é. O líder do PSD é capaz de engolir tudo para chegar a primeiro-ministro. Até Cavaco Silva, que aposta num socialista para liderar o governo durante a crise económica e das finanças públicas. Aparentemente, o Presidente da República considera essencial que a esquerda governe em tempo de vacas magras, de forma a amortecer a contestação popular. Até ao momento em que o seu delfim esteja em condições para surgir numa bela manhã aquecida por um sol forte e radioso.

Marques Mendes não tem escolha. Ou joga o jogo do faz-de-conta, para manter uma hipótese ainda que remota, ou fica condenado a ter que enfrentar uma oposição interna insuflada, discretamente, pelo Chefe de Estado.

José Sócrates ganha com a assinatura do pacto para a Justiça. Mas o país também pode ganhar, ainda que tenha de sofrer na pela as consequências. O calculismo político do líder do PS pode resultar numa clarificação benéfica, pois torna mais evidente a responsabilidade do Bloco Central na crise do pais e da justiça.

Alguém acredita que este acordo, negociado na sombra dos corredores do poder, à revelia da Assembleia da República, entre os dois principais partidos responsávis pela actual crise, é para levar a sério?

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