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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

domingo, agosto 27, 2006

Crónicas do Sistema (VII)



O caso Mateus é uma conquista dos clubes pequenos do futebol português e pode ser uma vitória do Estado de Direito



VIA ESTREITA

Algo está a mudar no mundo opaco, lamacento e rasca do futebol português. O caso Mateus, não o do totonegócio mas o do jogador que chegou a ser porteiro para jogar à bola, com a chancela das autoridades desportivas, ainda que provisória, revelou até que ponto chegou a podridão do futebol português.

Hoje, um pequeno clube como o Gil Vicente pode bater o pé ao sistema cada vez mais pestilento do desporto-rei. Apoiado por uma gabinete de juristas sem nomes sonantes, o clube de Barcelos tem o mérito, para já, de não se calar e de se bater por aquilo a que julga ter direito.

O caso Mateus é muito mais do que um caso complexo do futebol português. É mais um alerta para acabar com uma espéçie de ditadura inaceitável da Liga e da Federação de Futebol Português, sob a batuta da FIFA, uma associação internacional que se rege essencialmente pela cor do dinheiro. Tal como aconteceu com a FIA, a poderosa federação do desporto automóvel, nomeadamente da Fórmula Um, chegou a vez da União Europeia tentar travar mais uma organização que também se julga a cima do Estado de Direito.

O futebol é uma indústria milionária e poderosa, mas não pode permanecer à margem da Lei.

Um cidadão, uma empresa ou um clube de futebol quando se sentem injustiçados têm o direito inalienável de poder recorrer ao único órgão de soberania que as democracias reconhecem para dirimir conflitos: os tribunais.

Ao desporto o que é do desporto, à Justiça o que é da Justiça.

3 comentários:

naked sniper disse...

não posso concordar com este texto

se um clube participa por sua livre vontade em competições organizadas por essas instituições deverá cumprir com as regras que implicitamente aceita

Sardanisca disse...

Caro RCP:pode argumentar-se o que se quiser em relação ao direito do Gil Vicente recorrer da decisão de descida.
O que importa é recordar que o Gil Vicente,com plena consciência que o fazia,ter usado um jogador que,pelas regras(boas ou más) não podia usar.
Penalização?Descida de divisão.Cumpra-se sem alaridos e bater de mãos no peito.
Os nossos dirigentes desportivos estão pouco habituados a que a lei se cumpra...

FNV disse...

Gabinte jurídico sem nomes sonantes mas recorrendo aos serviços do escritório de JM Júdice e Cruz Vilaça...