O caso Mateus é uma conquista dos clubes pequenos do futebol português e pode ser uma vitória do Estado de Direito
VIA ESTREITA
Algo está a mudar no mundo opaco, lamacento e rasca do futebol português. O caso Mateus, não o do totonegócio mas o do jogador que chegou a ser porteiro para jogar à bola, com a chancela das autoridades desportivas, ainda que provisória, revelou até que ponto chegou a podridão do futebol português.
Hoje, um pequeno clube como o Gil Vicente pode bater o pé ao sistema cada vez mais pestilento do desporto-rei. Apoiado por uma gabinete de juristas sem nomes sonantes, o clube de Barcelos tem o mérito, para já, de não se calar e de se bater por aquilo a que julga ter direito.
O caso Mateus é muito mais do que um caso complexo do futebol português. É mais um alerta para acabar com uma espéçie de ditadura inaceitável da Liga e da Federação de Futebol Português, sob a batuta da FIFA, uma associação internacional que se rege essencialmente pela cor do dinheiro. Tal como aconteceu com a FIA, a poderosa federação do desporto automóvel, nomeadamente da Fórmula Um, chegou a vez da União Europeia tentar travar mais uma organização que também se julga a cima do Estado de Direito.
O futebol é uma indústria milionária e poderosa, mas não pode permanecer à margem da Lei.
Um cidadão, uma empresa ou um clube de futebol quando se sentem injustiçados têm o direito inalienável de poder recorrer ao único órgão de soberania que as democracias reconhecem para dirimir conflitos: os tribunais.
Ao desporto o que é do desporto, à Justiça o que é da Justiça.
3 comentários:
não posso concordar com este texto
se um clube participa por sua livre vontade em competições organizadas por essas instituições deverá cumprir com as regras que implicitamente aceita
Caro RCP:pode argumentar-se o que se quiser em relação ao direito do Gil Vicente recorrer da decisão de descida.
O que importa é recordar que o Gil Vicente,com plena consciência que o fazia,ter usado um jogador que,pelas regras(boas ou más) não podia usar.
Penalização?Descida de divisão.Cumpra-se sem alaridos e bater de mãos no peito.
Os nossos dirigentes desportivos estão pouco habituados a que a lei se cumpra...
Gabinte jurídico sem nomes sonantes mas recorrendo aos serviços do escritório de JM Júdice e Cruz Vilaça...
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