MAIS ACTUAL BLOG

Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

domingo, agosto 06, 2006

Crónicas do Sistema (IV)



A opinião pública ganhou expressão e importância nos últimos cinquenta anos, mas o poder político continua a ignorá-la nas questões da guerra


VERGONHA


A opinião pública mundial manifesta-se pelos mais diversos meios contra mais uma guerra no Médio Oriente. Em Portugal, acontece o mesmo e as sondagens são claras: a maioria quer um cessar-fogo imediato.

Vinte e quatro dias depois do início das hostilidades, o concerto das Nações começou a discutir um cessar-fogo. Ao mesmo tempo, em Gaza, no Líbano e em Israel, os bombardeamentos intensificavam-se. Os especialistas dizem que ritmo das negociações diplomáticas tem de ser mais lento do que as estratégias de guerra.

Não é a primeira vez que os Estados contrariam a vontade dos seus cidadãos, em nome de uma série de clichés mais ou menos gastos. Basta recordar o Vietnam e as gigantescas manifestações contra os presidentes Nixon e Ford para compreender que a expressão da opinião pública esbarrou nas nomenclaturas militares, mas acabou por determinar o fim daquela guerra.

No século XXI, o desfasamento temporal entre as manifestações pacifistas em todo o mundo e o termo das guerras ainda continua a ser insuportavelmente longo. Felizmente, o dia-a-dia dos conflitos, explorados mediaticamente até à exaustão, liquidam qualquer liderança. O poder político pode não revelar vergonha do espectáculo da morte provocado pelos conflitos militares, mas tende gradualmente a ser cada vez mais sensível à opinião pública e aos votos no dia das eleições.

Sem comentários: