Molho de bróculos

«E assim, como dizia o maior poeta português do século XX em 1914, "fizemos uma revolução para implantar uma cousa igual ao que já estava"».

Duas vias para o sucesso

«Quanto mais Costa agitar a possibilidade de um acordo, mesmo tácito, com a esquerda, mais difícil será fazer o controlo de danos quando o PS tiver de chumbar uma moção de rejeição do PCP ao próximo governo».

O líder derrotado começa a negociar

Mandatar um líder político derrotado para negociar... só mesmo neste PS, cada vez mais desnorteado. Com mais ou menos zigue-zague estonteante, mas sempre agarrado ao lugar de secretário-geral, António Costa mostrou regozijo por ter recebido o mandato da Comissão Política do PS para fazer uma «primeira avaliação das possibilidades que existem» para a formação do governo. Pedro Passos Coelho e Paulo Portas devem ter aberto o melhor champagne, moderadamente fresco. E Catarina Martins e Jerónimo de Sousa também devem ter escolhido uma boa garrafa de vodka, bem geladinha. 

P. S. Os socialistas vão ter liberdade de voto na primeira volta das presidenciais. A não haver uma segunda volta, António Costa teve mesmo um dia em cheio, que não será facilmente esquecido.

O suicídio do PS

«Na noite das eleições, com um PS completamente destroçado, seria de esperar que António Costa se demitisse. Mas este declarou ficar, considerando pelos vistos uma derrota por muitos melhor do que uma vitória por poucochinho. Só que desdisse o que tinha dito em campanha, declarando que, afinal, não iria rejeitar o governo da coligação. Com isso perdeu de vez toda a credibilidade que alguma vez teve. Se António Costa continuar na liderança, assistimos ao suicídio do PS».

Razão tinha Churchill

«Os eleitores foram claros: queremos um Governo de Direita e um Parlamento de Esquerda. No meio ficam a política e os consensos. É mais difícil? É. Vai ser mais conflituoso? Vai. Iremos ter mais debate? Certamente que sim. Então, qual é o mal?».

Anatomia de um golpe

«A aplicação tóxica de 897 milhões de euros no Grupo Espírito Santo só foi possível num país em que os gestores poderosos se sentem impunes. E onde ninguém, nem a autoridade bolsista, se preocupa com os pequenos acionistas».

Amar o sistema

«As coisas não estão bem e a culpa é do sistema. Com economia em crise, governo enfraquecido, oposição maioritária mas dividida, esta é uma frase que ouviremos cada vez mais. Mas, por comum que seja, a inversa é bastante mais verdadeira e proveitosa. Neste momento crítico, graças ao sistema, as coisas estão muito melhor do que poderiam estar».

Adeus, velho PS

«Sejamos muito claros: há uma certa facção do Partido Socialista que jogou tudo, usou todos os meios disponíveis e perdeu. Não há qualquer dúvida que aqueles que se habituaram a mandar no PS, nas últimas décadas, estão condenados a desamparar a loja e, a partir daqui, a fazer pela vida, como qualquer outro cidadão».

Faz-se tempo

«Responsabilidade é garantir ao país que o plano de urgência que necessita para renascer da austeridade é possível. O desafio está lançado, faz-se tempo de nos pormos ao caminho».

O recado eleitoral

«A mensagem dos eleitores para um sistema político em crise foi clara. A maioria não quer aventuras fora da Europa mas também não quer um poder sem freios a decretar a austeridade que lhe convém».

Há gatos no Rato

«Na força política do Largo do Rato, há já quem se predisponha a fazer-lhe o que ele fez a Seguro. E mesmo que o partido que, por definição, é saco para gatos resolva passar-lhe cheque em branco neste próximo congresso, este Costa entalado entre Passos e Catarina dificilmente sairá vitorioso do Altis noutras legislativas».

O plano de Putin

«O tempo e o modo favorecem Putin na Ucrânia e na Síria se conseguir ligar os seus fios. Para isso precisa de projetar a ameaça do ISIS como denominador internacional de forma a parecer que lidera uma coligação de vontades, incluindo mesmo os EUA».

Obviamente, demita-se!

«Depois deste absoluto desastre, António Costa aparece a proclamar: "Manifestamente não me demito!". Pois eu acho que o que no PS lhe deveriam dizer, parafraseando uma frase histórica era: "Obviamente, demita-se". Será que, tirando a claque que esteve ontem no Altis, alguém no PS duvida de que esta é a única solução aceitável?»

Vitória da estabilidade e juventude

«Quem tirou o tapete a Seguro por ele não conseguir fazer crescer o PS, como vai justificar a permanência no cargo depois de não ter conquistado, em percentagem, nem mais um voto do que Seguro? Não será fácil…Para a coligação, nem era uma má notícia: ter como líder da oposição um homem derrotado nas urnas, cuja imagem está desgastada e não tem grande margem de manobra, seria ouro sobre azul…»

Adeus, velho PS

«A ambição pessoal sem limites não colheu: António Costa, o último secretário-geral do velho PS, perdeu e mereceu perder. E, já agora, em nome da dignidade democrática, não pode faltar a uma última promessa: regresse ao escritório de advocacia, pegue na toga e defenda todos aqueles que não têm meios para aceder à "justiça" que ajudou a construir nos últimos 16 anos».

Um caso de estudo

«Na sua declaração de derrota, Costa continuou o comportamento de enguia que caracterizou a sua carreira política desde a altura em que se tornou secretário-geral: ficámos sem saber se o Orçamento da coligação vai ou não ser chumbado. Portugal é um caso de estudo? Costa é um caso de estudo».

Misérias políticas

«A derrota de António Costa foi pesada. Não foi uma surpresa. Para começar, porque existiram sondagens diárias que iam cavando a sepultura. Mas porque Costa cometeu três erros básicos que o desqualificam para liderar uma banda filarmónica, quanto mais um partido».

O acelerador e o travão

«Por que razão os descontentes com o Governo não elegeram o PS como alternativa óbvia? Os motivos são claros e próximos: o passado recente do PS não o recomenda para governar, principalmente quando o líder atual não quis, ou não pôde, varrer para fora dos lugares de destaque a poderosa tralha socratista». 

Prioridade ao compromisso contra a austeridade

«Com esta coligação no poder, os socialistas, com António José Seguro, tinham ganhado as autárquicas e as europeias. "Poucochinho", disse Costa, que interrompeu então um ciclo de vitórias. Desiludiu e bebe, agora, o cálice da amargura. Falhou em todas as frentes, a começar na unidade do seu próprio partido».

António Costa e a derrota “poucochinha”

«António Costa, que afastou o seu antecessor à frente do PS por este ter tido uma vitória “poucochinha” nas Europeias, sofre agora uma derrota pesada e diz com toda a naturalidade que se vai manter à frente do partido».