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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

sexta-feira, novembro 05, 2021

MARCELO: FALTOU VERDADE E MEA CULPA

Os mais descrentes nas instituições e na política não terão paciência para aferir a última comunicação do presidente, pelo que vale a pena recordar sete factos objectivos que explicam a ausência de uma prestação de contas com toda a verdade:

Facto 1: Em vez de assumir o papel de árbitro, a cima dos partidos políticos, o presidente interferiu e ameaçou insistentemente com a dissolução desde 21 de Outubro, seis dias antes da votação no Parlamento, tendo feito idênticas referências ao longo dos 14 dias que antecederam a data para a aprovação na generalidade do Orçamento do Estado para 2022;

Facto 2: A ingerência presidencial na vida parlamentar e partidária abriu a porta a todos os cálculos eleitorais, desde logo da parte do governo que deitou prematuramente a toalha ao chão;

Facto 3: A generalidade dos analistas e comentadores são unânimes, dando corpo à estupefacção dos cidadãos com as declarações do presidente a montante do chumbo do orçamento;

Facto 4: A devolução da palavra ao povo, depois de uma perturbação exibicionista, aconteceu no momento em que o governo não apresentou uma moção de confiança nem foi alvo de uma moção de censura, aliás, mantendo-se em funções, o que revela como a mera vontade pessoal atropelou o texto constitucional.

Facto 5: A tão propalada urgência culminou num surpreendente esticar da data das eleições antecipadas, atirando a vigência de um novo orçamento para o final do primeiro semestre de 2022;

Facto 6: Mais revelador ainda é o silêncio sobre a razão pela qual não demitiu o governo, como defendeu o jurista Jorge Bacelar Gouveia, oportunamente, ao alertar que Portugal fica com um governo à solta;

Facto 7: O auto-elogio da viabilização de três orçamentos, ao tempo em que era líder do PSD, omite que tal não constituiu qualquer garantia de estabilidade, pois António Guterres, na noite de 16 de Dezembro de 2001, apresentou a demissão ao então presidente da República, Jorge Sampaio.




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