Sócrates, o perseguidor

«Recordemos: quando José Sócrates tentou amordaçar a pouca Comunicação Social que ainda cumpria o seu papel constitucional, não foi só a TVI a estar em causa. Também o Correio da Manhã estava na mira deste potencial ditador, como ficou explícito nos excertos do processo ‘Face Oculta' então revelados.

Foi o conhecimento deste risco de estrangulamento por que passámos que nos levou a assumir a posição de assistentes no referido processo.

É no cumprimento das funções de bem informar, confiadas por uma comunidade de leitores, que ultrapassa a marca do milhão. É no respeito pelo nosso Estatuto Editorial, que nos dita a busca do rigor e nos impõe a coragem - sem vergar a qualquer interesse particular e prosseguindo sempre o geral. É no diário renovar do pacto de confiança com os cidadãos portugueses que continuámos e continuaremos a investigar José Sócrates, enquanto ex-primeiro-ministro de Portugal.

Sócrates não nos conseguiu comprar. Agora quer-nos vergar com uma saraivada de processos judiciais com queixas variadas. Para Sócrates, uma imprensa livre, persistente e com memória, será sempre um perigo.

O risco que o CM representa para figuras como José Sócrates fica bem ilustrado pela foto que recordamos neste espaço: um "ex-primeiro-ministro de Portugal" reunido com o ministro brasileiro da Saúde, em representação dos interesses de uma multinacional farmacêutica, que, por mero ajuste direto, faturou cerca de seis milhões de euros ao Estado português durante o socratismo. Uma imprensa livre e de factos - eis o grande perigo para qualquer candidato a ditador».