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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

quarta-feira, abril 11, 2007

A lição

O primeiro-ministro Sócrates declarou, em Fevereiro passado, que o uso gratuito e irrestrito da liberdade de imprensa pode conduzir à lei do mais forte. Hoje, José Sócrates tem de explicar aos portugueses que não está em causa o uso gratuito e irrestrito do poder para conseguir uma licenciatura. Tudo para salvar a pele, o que não é líquido que ainda a vá a tempo. Curiosamente, apenas Vasco Pulido Valente teve a capacidade de responder à arrogância do primeiro-ministro: ” Ao contrário do que Sócrates resolveu explicar, com o seu oportunismo e a sua absoluta inconsciência cultural, a liberdade (no caso, da imprensa) não leva à lei do mais forte. O que leva à lei do mais forte é o petróleo e o dinheiro do petróleo.“
José Sócrates já teve muitas oportunidades para perceber que a dignidade do político, em Democracia, é a aceitação do escrutínio implacável. Não basta perseguir, directa ou indirectamente, quem o incomoda e o aprecia politicamente, com frontalidade, transparência e um nome. O verdadeiro estadista é aquele que aceita a avaliação dos outros, cidadãos ou jornalistas, e não usa o poder para o abafar ou para se defender em causa própria.
A partir de amanhã, e independentemente do futuro político do primeiro-ministro, ou do que ainda resta dele, em termos de credibilidade, é preciso seguir, passo a passo, a política de utilização das verbas publicitárias das grandes empresas públicas, nomeadamente da Caixa Geral de Depósitos. Afinal, Armando Vara também ocupa um lugar público, que o obriga a prestar contas ao seu accionista e aos cidadãos, independentemente da lei do mais forte e do dinheiro, que nem sempre fala mais alto.

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