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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

domingo, abril 23, 2006

Mudança


Vinte anos após o acidente de Tchernobyl, José Sócrates quer um debate sobre energia nuclear, em Portugal. Para trás fica a declaração do primeiro-ministro, em Fevereiro, em como o nuclear não fazia parte da agenda do governo.
Na verdade, o compromisso solene de José Sócrates, na Assembleia da República, é anterior à vertiginosa subida do preço do crude. Mas no momento em que o fez era mais fácil ocorrer uma escalada dos preços do que a descida das cotações do ouro negro, pelo que não é argumento suficiente para mudar de opinião o facto do barril de petróleo ter ultrapassado os 70 dólares. Aliás, ainda que erradas, as previsões orçamentais são a melhor demonstração de que o governo sempre esperou por uma subida do preço do petróleo nos mercados internacionais.
José Sócrates poderia ter reforçado o seu empenhamento nas energias alternativas e limpas, anunciando mais incentivos fiscais, entre outras medidas, de forma a diminuir a dependência do petróleo.
Face a um poderoso lobbie a favor do nuclear, formado em torno de Patrick Monteiro de Barros, porventura o mais patriota dos empresários portugueses, sempre disponível para fazer investimentos que mais parecem obras de caridade, José Sócrates ainda não deitou a toalha ao chão, mas abriu o caminho para uma discussão que vai ocorrer num momento particularmente sensível e emocional. Afinal, é agora ou nunca. Há oportunidades que podem não se repetir. Sobretudo para fazer o contrário do que se prometeu aos portugueses. Obviamente, fitas à parte.

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