Comida para o cérebo

«No 1º de Maio, a manifestação de imigrantes cruzou-se com um Pingo Doce abarrotando de estrangeiros. De repente, iguais em lados opostos: uns berravam "Ninguém é ilegal, ilegal é o capital", outros compravam o que podiam».

Verdadeiro Infractor

«Como polícias, não podemos aceitar que um Governo, à semelhança de qualquer infractor, aponte para um futuro eventual o cumprimento da Lei, com as consequências que daí poderão advir».

A geografia do escárnio

«O 1º de Maio deste ano ficou marcado, mais uma vez, pela capacidade de manifestações ordeiras das centrais sindicais e pelo alarido social fomentado por uma cadeia de supermercados que furou o feriado laico mas pecou perante o mercado».

Há algo aqui que vai mal

«A polícia portuguesa está a colocar-se, com a cumplicidade da tutela governamental, perigosamente fora da democracia».

Diferenças subtis na governação

«Das mudanças internas no governo à importância de evitar rupturas com o PS».

Banalização da violência

«Ainda que tal conclusão não resulte directamente das estatísticas e análises oficiais, é evidente que, nos últimos anos, a violência aumentou em Portugal, na família, na escola, no espaço público, nas relações sociais e, naturalmente, na actividade criminosa».

1.º de Maio no Museu de História Natural

«No passado dia 1 de Maio fomos brindados com dois momentos pré-históricos: 1) o discurso de Arménio Carlos na Alameda e 2) a campanha do Pingo Doce que transformou os seus supermercados em palco de batalhas campais pelo último pacote de batatas fritas».

Pingo amargo

«A retórica da crise como uma oportunidade é perversa. Há perguntas a que ela deliberadamente não responde: é uma oportunidade para quem? É uma oportunidade para fazer o quê? Sem nomes e sem políticas, a "oportunidade" da crise é uma peça a leiloar, comprável por quem dá mais».

Algumas dúvidas apenas

«Campanhas de marketing, tribunais políticos e novas realidades económicas».

Um vislumbre de esperança

«Trinta e oito anos depois da consagração dos três "d" - a democracia, a descolonização e o desenvolvimento -, o que caracteriza hoje a situação do País são três "d" muito diferentes: a descredibilização dos partidos políticos, a desvitalização da democracia e a desqualificação dos portugueses».

Juízes de fraque

«Levar por diante reformas como a do mapa judiciário enquanto os magistrados continuam a ocupar-se de casos menores e de cobranças difíceis há-de ser uma inutilidade sem nome».

Feira cabisbaixa

«Em Portugal, os tumultos em tempos de troika decorrem no supermercado».

O novo dia 1.º de Maio

«Ontem aconteceu qualquer coisa ‘nova’ no País. Nas ruas, as centrais sindicais assinalaram o 1º de Maio com ainda menos gente do que o habitual».

Maio de Chumbo

«Os tempos são de chumbo entre a pobreza do debate nacional e a angústia suicidária europeia. Esperemos que no domingo Paris volte a ser a Cidade-Luz…».

Abaixo de cão

«Jamais seria capaz de escrever que o bastonário da Ordem dos Advogados é um escaravelho do diabo ou uma mosca morta. Mas Marinho Pinto não se ofenderia certamente com estas classificações zoológicas da sua ilustre pessoa».

O Primeiro Verão no Merkhollande

«A opinião pública procura avidamente propostas alternativas. Procura “memorandos para o crescimento” capazes de gerar emprego e prosperidade».

Também há boas iniciativas

«A fusão da Técnica e da Clássica e uma revisão menos penalizadora de certos contratos de habitação são dois casos».

Há alternativa

«A austeridade que fustiga os portugueses, com aumento de impostos e redução de salários, é perfeitamente evitável. Desde que o governo opte por outro tipo de medidas, que penalize menos os cidadãos e as empresas, retire privilégios aos poderosos e altere de facto a estrutura de despesas do Estado».

Saber da morte de Miguel Portas em S. Quentin

«Custa muito ver partir uma das mais conscientes, inquietas e generosas figuras da minha geração. Mas Miguel, como ele próprio reconheceu, teve uma vida cheia».

E a esperança?

«Por onde anda esse estado de alma que nos vai abandonando?».