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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

sexta-feira, julho 22, 2016

Porque é que os Ciclistas Rapam as Pernas

«O pedalar depilado tem outro estilo. A ideia de eliminar tudo o que seja supérfluo, tudo o que esteja a mais, a mania de o fazer regular e cuidadosamente pode ser altamente inspiradora para qualquer profissão, independentemente da bicicleta. No fundo todos temos que pedalar um pouco para ter sucesso. Posso mesmo estender o método a domínios impensáveis. Correndo o risco de chacota, mas se calhar é disto mesmo que certos os acórdãos e sentenças precisam. Da eliminação rigorosa das pilosidades feitas de afirmações inúteis, das citações encaracoladas, numa prolixidade decisória mórbida, enfadonha que deslassa a inteligência da decisão e tapa as razões do julgado. A jurisprudência do copiar-colar tirou inteligência às decisões e comunicações dos tribunais, transformou o juiz ou o ministério público num robot acrítico incapaz de resumir ideias, de se explicar perante terceiros e destinatários da decisão, apagou a definição dos músculos da decisão. Frequentemente, cada acórdão ou sentença tem tantas camadas de copiar-colar quanto o número de vezes que subiu a instâncias superiores, numa multiplicação automática de volumes. Normalmente, o sentido da decisão surge desgarrado no último parágrafo. Tudo porque não se rapa ou corta o que está a mais».

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