O escândalo do BPN tem contornos tão suspeitos e tentaculares que já começaram a engolir o governo de Pedro Passos Coelho.
Tentar explicar a um jornalista estrangeiro o que aconteceu no BPN é uma espécie de missão impossível. Em primeiro lugar, qualquer ser humano que não resida por cá tem dificuldade em compreender como é que um banco conseguiu desbaratar qualquer coisa como dez mil milhões de euros ao longo de tanto tempo, sem qualquer reacção dos mecanismos de regulação (Banco de Portugal), do Ministério Público e da polícia de investigação criminal. Mais complicado ainda, é explicar que os gestores foram ex-ministros e próximos do actual presidente da República, que, aliás, tinha para lá umas acções que vendeu com óptima rentabilidade. O que é ainda mais difícil de traduzir é a nacionalização dos prejuízos, decretada por um governo socialista, sem que os accionistas tenham assumido qualquer tipo de responsabilidades. Impossível, impossível, é explicar a venda ao BIC, por 40 milhões de euros, ao mesmo tempo que o novo governo laranja obriga o Estado a assumir milhares de milhões de euros para privatizar o banco. Bolas, fiz de conta que não conheço Vítor Constâncio e que o BPP nunca existiu.
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