A demissão de Fernando Lima antecipa a maior crise que Portugal algum dia viveu em tempo de democracia.
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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher
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3 comentários:
Não concordo! Acho que é mais do género "A importância de se chamar Fernando"
Mistérios, ou não, de uma Campanha eleitoral
Em Julho de 2004 Santana Lopes toma posse como Primeiro-ministro.
Em Setembro de 2004 o alegado engenheiro Sócrates é eleito presidente do PS.
Em Outubro de 2004 na sequência das chamadas “trapalhadas” do governo presidido por Santana Lopes, Cavaco publica no Expresso o famoso artigo “A Má Moeda Expulsa a Boa Moeda” e com ele “autoriza”, incentiva, Sampaio a dissolver a Assembleia da República, o que vem a acontecer em 22 de Dezembro.
Como consequência, em Março de 2005, o ainda não admirável líder, torna-se Primeiro-ministro de Portugal.
Em finais de 2005 Cavaco Silva candidata-se a Presidente da República.
Contra ele, o PS candidata Mário Soares e, aparentemente à revelia do partido, Manuel Alegre candidata-se também.
Dada a divisão dos votos à esquerda, Cavaco ganha facilmente; em Janeiro de 2006 é eleito PR.
Durante três anos e oito meses Cavaco, o tal que por causa de “trapalhadas” sancionou a demissão de Santana Lopes, assobia para o lado perante suspeitas de corrupção, compadrios, negociatas, perseguições a jornalistas, afundamento da educação e saúde, desbaratar de dinheiros públicos, etc., etc.
Só reage quando afrontado com o Estatuto doa Açores mas acaba por meter o rabo entre as pernas e não levar o braço-de-ferro até às últimas consequências; terá tido medo de quê?
Na véspera do início da actual campanha eleitoral o Público denuncia alegadas escutas à Presidência da República. Na altura Cavaco diz não ter comentários a fazer porque não quer interferir.
Manuela Ferreira Leite aproveita a deixa e reforça o slogan da “asfixia democrática”.
Pouco depois, por denúncia proveniente de dentro do PSD, surge, nos meios de comunicação social o caso da “Compra dos Votos Internos” e foi ver o corrupio de supostos militantes laranjas a jurar em todas as televisões que tinham recebido 25 ou 30 euros para votarem em MFL.
Na semana passada o Diário de Notícias dá à estampa o famoso e-mail interno do Público e, baseado no mesmo, sugere que as escutas eram afinal uma encomenda da PR para lançar suspeições sobre o amado líder (curiosamente ninguém se preocupou em querer saber quais terão sido as artes mágicas que propiciaram o seu aparecimento simultâneo em pelo menos três redacções de jornais).
Cavaco diz que não fará qualquer comentário para não interferir na campanha mas anuncia investigações rigorosas para depois do dia 27.
Quatro dias depois demite Fernando Lima, o alegado autor da encomenda do” Caso das Escutas”, seu colaborador fiel há mais de 25 anos e actual assessor de imprensa.
Com este acto permite que Augusto Santos Silva apareça em directo nos telejornais da noite afirmando:
“Mais uma vez se demonstrou serem falsas as alegações feitas pela actual liderança do PSD de que existiria hoje em Portugal qualquer clima de condicionamento dos órgãos de Comunicação Social da responsabilidade do Governo do PS ou do PS e lamento que esta campanha eleitoral esteja a ser feita de casos de incidentes de tentativa de aproveitamento político.”
Com este seu acto Cavaco confirma a versão do DN e lava as mãos. Mas não estarão elas sujas?
É de admitir que um colaborador de mais de 20 anos tivesse agido sem o conhecimento dele? E a tê-lo feito porque não foi demitido logo que a notícia apareceu no Público?
Mas admitindo que hesitou, então qual a razão porque não adiou a demissão de FL para depois do dia 27 evitando o quase esvaziamento da campanha de MFL?
Como explicar o comportamento de Cavaco?
Provavelmente uma reeleição garantida com o compromisso de durante o próximo consulado do Amado Admirável Líder se dedicar à extenuante tarefa de, alcandorado em qualquer marquise de Belém, se dedicar à contagem dos navios que passam no Tejo enquanto, deliciado, saboreia bolo-rei.
E, já agora, no caso TVI seria interessante sabermos a razão que levou um inimigo figadal de Sócrates a abandonar a estação e levar ao previsível desaparecimento do Jornal de 6ª-feira mesmo na véspera do começo da campanha eleitoral; não poderia ter resistido mais quinze dias ao seu afastamento? Qual terá sido a alavanca que o catapultou?
Zé Muacho
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