Transparência

”Registo de interesses. O jornalista [António Ribeiro Ferreira] é amigo de Paulo Portas. Há muitos anos. E esteve no O Independente quando o agora deputado era director do jornal. Uma relação de trabalho, intensa, extraordinária, que se transformou numa saudável amizade. Amigos, amigos, mas com jornalismos e políticas à parte. Obviamente.“
Dito e feito, vale a pena ler uma parte da entrevista com a personalidade política (mais actual):

CM
O que vai ser o CDS com Paulo Portas?

PP Um partido não é um grupo de amigos, não é uma empresa e não é uma igreja. Um partido é uma proposta de Governo. O que o PS e o PSD mais desejariam seria um CDS acantonado, resignado, que representasse apenas uma pequena franja ideológica e que não pretendesse crescer nem tivesse nenhuma espécie de ambição.

CM
Vai mudar o quê?

PP Um partido tem de ter uma agenda de Governo e perceber o que preocupa o eleitorado. Seja o Emprego, a Saúde, a Segurança Social ou o Ambiente. E o CDS comigo vai tê-la.

CM
O centro-direita, com o CDS, esteve recentemente no poder. E falhou.

PP Percebo perfeitamente a reacção do eleitorado em 2005. Mas agora quero um CDS com uma marca de competência, uma marca de credibilidade. Não quero um partido de protesto, residual. Quero um partido competitivo, que dispute eleitorado com o PS e PSD. Não tenho dúvidas de que iremos roubar votos ao PS e PSD. O meu caminho vai ser o de fazer crescer o CDS até uma proporção de força que eu considere razoável para poder influenciar não apenas polîticas sectoriais mas uma orientação do Governo.

CM
Tem alguma meta eleitoral para 2009?

PP Não vou põr nenhuma meta nas eleições legislativas de 2009. Não vou.

CM
Mas quer voltar ao Governo quando? Tem alguma ideia?

PP Não tenho pressa nenhuma em voltar ao Governo. Tenho é uma certeza: não voltarei a nenhum Governo nas circunstâncias que levaram o CDS a formar Governo com o PSD em 2002.

(,,,)

CM
Está preocupado com a acumulação de poderes do primeiro-ministro?

PP Fui um dos primeiros a sinalizar politicamente esta preocupação. Sempre fui a favor de uma maior coordenação dos serviços de informação. Sempre fui a favor de uma maior coordenação das forças de segurança. O que não consigo perceber é a razão pela qual o primeiro-ministro, que já tem junto de si um secretário de Estado a trabalhar na área das informações, vai passar a ter um secretário de Estado a trabalhar directamente junto de si responsável pelas forças de segurança e com alguns poderes executivos.

CM
É uma concentração de poderes.

PP Não percebo porque é que o primeiro-ministro precisa disto. Não percebo em que situação irão ficar os ministros da Administração Interna e da Justiça. E não percebo porque é que o secretário-geral tem posição mais próxima do primeiro-ministro do que os ministros da tutela. Não faço juízos de valor. Mas é uma acumulação de poder muito preocupante.