Há democratas e democratas.
Há os que gostam de maiorias e detestam minorias. Não aceitam as manifestações populares e os protestos entre os intervalos dos actos eleitorais. Defendem qualquer coisa semelhante a um absurdo em democracia: os representantes eleitos podem fazer tudo, mas tudo o que lhes apetece, até algo que não conste do programa de candidatura eleitoral, que só têm de se preocupar com o dia das eleições seguintes. Aliás, curiosamente, são os mesmos que inventaram as forças de bloqueio e acusam a comunicação social de ter demasiado poder.
Mas há outro tipo de democratas. Os que defendem que as eleiçs são a expressão de uma vontade, mas não são um cheque em branco. Os que aplaudem a interpretação da dimensão de manifestaç ões de rua, como as que ocorreram em França, o que constitui um sinal de vitalidade de um regime democrático. O fim do CPE era óbvio e inevitável. Uma greve não é uma guerra. Não se podem matar as pessoas por não estarem de acordo com uma medida governamental. Ou será que o caminho é esse?
Curiosamente, sobretudo depois dos governos de António Guterres, começou a fazer caminho uma tese esdrúxula em relação À legitimação do poder. A todo o custo. Em qualquer circunstância. Os cidadãos passariam apenas a ter o direito de se manifestar no actos eleitorais. Mais nada. Os erros, as mentiras descaradas e o desrespeito de compromissos eleitorais só poderiam ser sancionados através do voto nas urnas.
É uma visão possível. Não é a minha visão da democracia.
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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher
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