Face a uma maioria cada vez mais autista, em que o chefe do governo acumula a liderança do partido, as manifestaçóes de rua ainda são o espaço possível para fazer oposição
O regresso da militância
O chefe do governo já não consegue apanhar um único português desprevenido. O perfil, o estilo e a acção de José Sócrates são cada vez mais evidentes.
Tal como nas ditaduras, disfarçadas de regimes democráticos, de Cuba a África, sem esquecer a Rússia, José Sócrates entende que a liderança do aparelho do maior partido deve ser acumulada com a chefia do governo.
Não é uma surpresa, mas é a confirmação de mais um sinal preocupante.
Depois de ter obtido a maioria absoluta e de ter remodelado os principais organismos de controlo, numa das mais descaradas acções governamentais, a escandalosa saga dos números do desemprego, em que duas instituições públicas se afundam no descrédito, é apenas mais num exemplo da saúde da democracia portuguesa.
Não é de espantar o regresso das marchas de protesto organizadas pelo Bloco de Esquerda ou, na versão mais conservadora, a divulgação de manifestos, como o que apresentou Manuel Monteiro para a direita.
Esmagada pela maioria absoluta, a verdadeira oposição apenas pode contar com a militância política para fazer ouvir a sua voz.
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