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Rui Costa Pinto - Jornalista/Editor/Publisher

sábado, janeiro 14, 2006

O PR (não) conhece os portugueses

Só quando se respeita e considera alguém é possível tentar replicar ao autor de um artigo de opinião.
Ana Sá Lopes, no DN, escreve que “Jorge Sampaio tem levado sempre muita pancada. Muita pancada. Mas os portugueses devem-lhe o bastante em primeiro lugar, uma certa harmonia institucional, (…)Em segundo, uma novidade na interpretação dos poderes constitucionais” (…) Mas os portugueses devem-lhe mais. Devem-lhe o afastamento do electrizante Santana Lopes da órbita do poder, provavelmente por muitos e bons anos (…).
Sinceramente, não esperava o elogio do calculismo, tacitismo e cínismo.
Vale a pena tentar perceber por que razão a colunista sublinha, agora, esta espécie de Santíssima Trindade que tem iluminado Jorge Sampaio: “Pode-se dizer o mesmo com o processo Souto Moura algumas actuações anteriores do procurador-geral da República poderiam ter conduzido à sua demissão. Mas é este, e provavelmente nenhum antes, o momento certo para isso”.
Pois é! É como defender que um monumental erro, o da nomeação de Santana Lopes, acrescido de mais outro monumental erro, a teimosia em segurar Souto Moura quando já ninguém acredita nele nem na Justiça que deveria representar, obedecessem a uma estética da acção política e de Estado sem pensar nas consequências.
Quanto custou ao país a liderança de Santana Lopes?
Quanto vai custar ao país a crise monumental que se vive na Justiça?
A verdadeira dimensão do estadista não é esperar pelo momento oportuno, ter razão muito tempo depois do tempo certo. É precisamente o contrario. É defender intransigentemente os princípios de transparência, indiferente aos interesses da corte e dos seus apaniguados, se for preciso antes do tempo e até contra as sondagens.
Tudo o resto é uma enorme farsa, que se repete, repete, indefinidamente, em Portugal, com custos incalculáveis, que se traduzem no atraso crónico de Portugal.

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